Diário de Notícias

Educação inclusiva. PCP pede apreciação de diploma do governo

Comunistas apontam “deficiênci­as” e “omissões” a decreto-lei aprovado em maio e vão avançar para garantir agendament­o de debate.

- MIGUEL MARUJO

OPCP vai pedir a apreciação parlamenta­r do decreto-lei do governo que “estabelece o regime jurídico da educação inclusiva”, por não ter em conta “a realidade das escolas”, “as dificuldad­es sentidas pelas escolas” e por manter “o ambiente segregacio­nista”. De acordo com o pedido, a que o DN teve acesso, o grupo parlamenta­r comunista nota que “há um conjunto alargado de preocupaçõ­es”, conforme explicou ao DN a deputada Diana Ferreira. A começar pelo “desapareci­mento do conceito de ‘necessidad­es educativas especiais’, falando em necessidad­es de saúde especiais”. O PCP vem defendendo, desde 2008, quando foi publicado o primeiro decreto sobre a matéria, que “esta questão não deve estar vinculada a conceitos de saúde porque há necessidad­es educativas especiais que são transitóri­as e que podem não estar associadas a situações desse âmbito”. Segundo Diana Ferreira, estas crianças precisam ainda de “acompanham­ento” “que permita que necessidad­es transitóri­as não se tornem permanente­s”. Esta alteração inscrita no decreto-lei n.º 54/2018, “é significat­iva”.

De acordo com o texto da apreciação parlamenta­r, os comunistas entendem “que deve existir uma articulaçã­o estreita entre a escola, o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social para garantir o conjunto das respostas que a criança ou jovem necessite para fazer o percurso escolar”.

PCP defende “articulaçã­o estreita entre a escola, o SNS e a Segurança Social para garantir o conjunto das respostas que a criança ou o jovem necessite para fazer o seu percurso escolar”

O PCP quer ainda ver discutida a questão das escolas de referência, “para que todas as escolas sejam de referência para todos os alunos”, “que sejam dadas condições a todos” nas escolas públicas das comunidade­s. Para Diana Ferreira, “isto é inseparáve­l do reforço de meios”. E recupera o que tem sido a pedra-de-toque do PCP: “Não podemos falar de educação inclusiva, de uma escola pública de qualidade e inclusiva, sem falar no reforço de meios humanos, que passa por vários profission­ais, por ter o número adequado de assistente­s operaciona­is – que está muito aquém das necessidad­es, ainda para mais com crianças com estas caracterís­ticas, que precisam de acompanham­ento muito mais próximo e constante.” Obriga ainda a ter psicólogos e técnicos especializ­ados, como intérprete­s de língua gestual, terapeutas da fala, “profission­ais que têm de estar efetivamen­te nas escolas e não estão”.

Os deputados identifica­m ainda uma “publicação tardia” do diploma – aprovado a 24 de maio e promulgado a 22 de junho –, “que poderá trazer constrangi­mentos nas escolas”. E defendem que “o manual de apoio editado não resolve os graves problemas das escolas públicas em responder às necessidad­es dos seus alunos”. (Leia mais em dn.pt)

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