Caetano Júnior
Subdiretor do Jornal de Angola
“O primeiro facto relevante é o reatar das relações, o que propicia o reforço da cooperação. Nos últimos 8-10 anos, registou-se um hiato na ligação oficial entre os dois países, o que se refletiu nos diferentes domínios. Portanto, para países de longa história comum e até laços culturais, os últimos anos foram perniciosos para ambos, com as consequências a atingirem os respetivos povos, muito particularmente os imigrantes (cerca de 150 mil em Angola e 20 mil em Portugal). A visita de Costa também confirma o fim da “crispação” que havia, causada pelo “caso Manuel Vicente”, felizmente resolvido a contento das duas nações.
Outro elemento relevante é a possibilidade de assinatura de acordos, sobretudo na área da economia. O fim da dupla tributação pode ajudar a relançar investimentos de empresários portugueses em Angola, porque ajudaria a reduzir despesas. Também pode incentivar angolanos a apostar no mercado luso. Por outro lado, um acordo na agricultura é capaz de revitalizar o setor, no qual Angola tem um grande potencial. O país africano procura diversificar a economia e reduzir as exportações, o que também passa pela aposta na agricultura e Portugal tem vasta experiência neste particular. Havia ainda a expectativa de diversificação das áreas de cooperação.
Finalmente, a visita de António Costa envia um sinal de retoma, de confiança, que deve existir na cooperação entre países que começaram por se cruzar ou conhecer há 500 anos e por razões que a história e a existência humana condenam. Portanto, têm ambos consciência de que devem aproveitar o facto de terem aspetos positivos comuns, de que precisam retirar o máximo proveito para benefício dos povos.