“O wildcard para Peniche foi a cereja no topo do bolo, é um sonho”
Surfista campeão nacional vai estar no CT de Peniche
Sagrou-se campeão nacional pela primeira vez. Não era a prioridade no arranque da época mas acabou por ser um marco importante?
Não, não era a minha prioridade, mas tentei estar em todas as etapas e só faltei uma [Allianz Figueira Pro] porque estava no Chile. Comecei o ano bem na Ericeira, com uma vitória, e agora, no final, até nem estava muito fácil para ser campeão, mas tudo teve o melhor desfecho e conquistei o título por mérito próprio. Foi incrível vencer uma Liga com tão bom nível de surf como a nossa, com atletas ex-WCT, casos do Marlon [Lipke] e do Pedro Henrique e, claro, a cereja no topo do bolo, o wildcard para o MEO Rip Curl Pro de Peniche.
O wildcard para o MEO Rip Curl Pro é um bónus bem-vindo...
É fantástico, depois de uma Liga tão bem organizada, com prémios tão valiosos, a MEO dar este wildcard. O título nacional é incrível, mas o wildcard para Peniche é o melhor, é a presença numa competição do CT, o sonho que todos perseguem.
Este título é o corolário do trabalho que tem vindo a fazer depois que assumiu uma nova equipa, nomeadamente o treinador Zé Seabra [ex-treinador de Tiago Pires]?
Sim, estou a trabalhar com ele há cerca de três anos e desde aí comecei a trilhar um caminho diferente, a construir metas e objetivos.
“[ser capa da revista Surfer] foi um dos grandes feitos da minha carreira, ainda mais sendo eu europeu.”
Não tem que ver com o trabalho mental ou físico apenas, tem sobretudo que ver com a forma como organizo o meu ano, qual o meu foco e a abordagem que tenho em todas as minhas ações, seja campeonatos ou sessões de ondas boas. Fundamentalmente, ajudou-me a estar mais estável emocionalmente e mais focado na performance, a estar no momento, sem medos.
Teve outro momento alto neste ano, com a capa da Surfer por uma sessão na Indonésia. Como foi estar na capa da revista que é considerada a Bíblia do surf internacional?
Foram muitas coisas a acontecer em simultâneo. Desde há algum tempo que gosto de apanhar ondas maiores e fui à Indonésia, por coincidência, numa altura em que o país foi atingido pelo que dizem ter sido uma das maiores ondulações de sempre. Estava numa surftrip, em Lombok, a produzir um filme para um dos meus patrocinadores, e fomos para Nias. Foi nessa altura que o swell aconteceu, quando estávamos quase para ir embora. Calhou estar lá um fotógrafo da Surfer, que me disse para ficar porque ia tirar a foto da minha vida e que se me fosse embora ia arrepender-me. E assim acabou por acontecer. Foi um dos grandes feitos da minha carreira, pois cada vez há menos oportunidades para fazer uma capa de revista, ainda mais sendo um europeu numa revista americana. É difícil conciliar a vertente competitiva e o free surf para gerar conteúdos? Há um interruptor que liga e desliga entre uma e outra? Não, há um interruptor que está sempre on. Fazer campeonatos e free surf em simultâneo é duro; nunca estás em casa, sempre a treinar, e é tudo muito intenso, há muita energia gasta no momento. É sair de Nias para um campeonato de meio metro ou vice-versa, é complicada a adaptação, mas damos o máximo e estou feliz por poder fazer os dois. Fundamentalmente, estou feliz por fazer surf.
Os objetivos para o resto do ano? Vou para o Havai, gostava de me dar bem nos campeonatos do QS e fazer algum free surf na Escócia ou talvez na Irlanda. Não há grandes planos, é ver as ondulações e ver onde elas nos levam.