Diário de Notícias

Oito medalhas saíram de Rio Maior

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O centro de treinos de Rio Maior é uma fábrica de atletas de sucesso. João Vieira é um dos quatro que ganharam medalhas em grandes competiçõe­s: junta a prata no Mundial de Doha à prata e ao bronze dos Europeus de 2010 e 2006, respetivam­ente. Ainda na marcha, Susana Feitor foi bronze no Europeu (1998) e no Mundial (2005), mas quem mais brilhou foi Inês Henriques, campeã mundial em 2017 e europeia em 2018 nos 50 km. No judo, a luso-cubana Yahima Ramirez, que também treina em Rio Maior, foi bronze nos Europeus de 2008, em -78 quilos. No momento em que recebeu a medalha passou-lhe pela cabeça a época de sofrimento por que passou. “Quando desisti nos Europeus foi um balde de água fria. Depois, consegui cinco títulos nacionais e fiz mínimos para os Jogos Olímpicos, mas em fevereiro a minha mulher teve um problema de saúde e ficou uma semana internada no hospital. Foi muito difícil e o que se seguiu também, porque a minha mulher, que foi uma das melhores atletas do mundo, e é uma pessoa com muita garra, quer voltar ao treino e às competiçõe­s, mas não está a conseguir. Não está a ser fácil para ela e eu também sofro com isso”, revela.

Vera Santos, medalha de prata nos 20 km marcha do Europeu de sub-23, é um pilar essencial para João Vieira. Ela e a filha, Sofia, de 17 meses, que acompanha sempre o casal nos estágios. “Estamos sempre a trabalhar em equipa e a Sofia também ajuda. É o nosso refúgio nos momentos maus. É uma alegria... esteve nos períodos mais difíceis da minha preparação. Quando estive um mês em França, lá estava ela a apoiar-me nos treinos”, conta, emocionado.

Por estes dias, os olhos de João Vieira brilham tanto como a medalha de prata, mas em breve o foco já estará em Tóquio. “Na próxima semana vou começar a treinar, não posso estar muito tempo parado. Estamos a dez meses dos Jogos, que é um tempo muito curto.” O regresso à competição está marcado para janeiro, mas até à viagem para o Japão “está tudo planeado”, com os habituais estágios em Vila Real de Santo António, Mira, serra Nevada (Espanha) e Font-Romeu, nos Pirenéus.

Já o dia da retirada pode esperar. “Tinha determinad­o que os Jogos do Rio de Janeiro iriam ser os últimos, mas, como em 2014 tive de ser operado e o meu físico ainda não está a ceder, decidimos que será Tóquio e mais um ano.” E porquê mais um ano? “Porque em 2021, nos EUA, está prevista a última prova de 50 km marcha do calendário mundial. Quero lá estar e é para aí que estou a apontar o final da carreira”, frisa, admitindo que depois disso espera continuar como responsáve­l do grupo de marcha do Sporting, cargo que desempenha atualmente.

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