Diário de Notícias

PS com capital político reforçado mas sem maioria absoluta

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As projeções das várias sondagens confirmara­m-se com a vitória do PS com 36,7% dos votos nas legislativ­as, de 6 de outubro. O PS ficou em primeiro lugar em mais de 200 concelhos. Obtém os melhores resultados eleitorais nos concelhos de Baião (Porto), Campo Maior e Gavião (Portalegre), Santa Cruz da Graciosa e Porto Santo (Açores), onde arrecada mais de 50% dos votos.

Comparando com os resultados obtidos em 2015, o PS ganhou mais votos e mandatos eleitorais, elegendo agora 106 deputados. Não o suficiente para uma maioria absoluta, mas sai com o seu capital político reforçado e mais margem de manobra para negociar à esquerda no futuro. Manobras essas que ainda estão a ser desenhadas e cujos desenvolvi­mentos tanto podem incluir o PCP-PEV, o BE e ainda o LIVRE ou o PAN. António Costa deixou a porta aberta para estas quatro forças políticas no seu discurso pós-eleitoral.

Em relação a 2015, o PS ganhou maior percentage­m de votos na Madeira (+12.51%), em Aveiro (+6.41%) e em Leiria (+6.27%), ficando apenas aquém do resultado nos Açores, onde perde agora residualme­nte 0,35% dos votos. O PS ganhou em todos os círculos eleitorais em Portugal continenta­l comparando com as eleições de 2015. Mas continuand­o a fazer comparaçõe­s, se recuarmos no tempo, até 2009, quando o PS de José Sócrates obteve também 36,7% dos votos e ultrapasso­u os dois milhões de votos, observamos que Costa podia ter feito mais, estando apoiado numa conjuntura económica muito mais favorável do que aquela que o país enfrentava então. Passados dez anos, o PS elege quase mais dez deputados com menos votos. Menos 200 mil votos do que em 2009. O que nos revela isto sobre o desempenho do PS? Pode não revelar nada e ser apenas conjuntura­l ou pode, de facto, representa­r a erosão dos partidos mainstream do sistema partidário, incluindo também o PSD. Ambos têm perdido apoio eleitoral nos últimos 20 anos. A teoria da erosão partidária dos partidos tradiciona­is ganha ainda mais força com a recente entrada de novas forças políticas na AR, tanto à esquerda como à direita, o que poderá significar reorganiza­ções em ambos os quadrantes políticos e até realinhame­ntos eleitorais no futuro.

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