BE perde votos mas mantém os 19 deputados
Em maio, nas europeias, o BE tinha várias razões para festejar. O partido tinha duplicado o número e a proporção de votos em relação a 2014. Agora, perde duplamente em número e proporção de votos face às legislativas de 2015, perdendo votos em vários círculos e crescendo, apenas residualmente, em alguns. É natural que o partido tenha tido ganhos consideráveis nas eleições europeias que agora não se repetem nas legislativas, dado que eleições de segunda ordem, como as europeias, beneficiam normalmente os pequenos e médios partidos. Mesmo assim o partido estagnou face a 2015. Manteve o grupo parlamentar de 19 deputados, mas não cresceu, perdendo inclusive votos na globalidade. Mas afirma-se como terceira força política em mais de 200 concelhos, como Portimão e Olhão (Faro), Setúbal (Sines), Marinha Grande (Leiria) e Condeixa-a-Nova (Coimbra), onde alcança o seu melhor resultado a nível nacional. Comparando com 2015, o Bloco perde sobretudo na Madeira (-5,46%), mas também em menor proporção em Lisboa (-1,19%) e em Faro (-1,79%). E onde ganha, ganha no máximo apenas mais 1,28% dos votos do que em 2015, como aconteceu em Coimbra.
Por que razão o BE não cresceu? Terá estagnado como consequência do acordo parlamentar que realizou com o PS e pela viabilização dos quatro Orçamentos do Estado durante esse período, ou como consequência do crescimento do PAN e do Livre nos círculos eleitorais urbanos? A análise dos dados agregados disponíveis sugere que a sua estagnação terá servido, em parte, para consolidar a posição do PS e o crescimento do Livre. De facto, existe uma correlação inversa, mas de magnitude fraca, entre a variação dos resultados eleitorais do BE e a variação dos resultados do PS e do Livre em relação a 2015. O mesmo não se verifica quando comparamos a variação com o PAN.