As pop stars da cena política
OLitlle Britain da BBC vai voltar para uma emissão especial de rádio, a propósito do Brexit, a que se vai chamar Little Brexit. O humor em torno da política é lugar-comum no tempo da história. No Reino Unido, nem a rainha Isabel lhe escapou e Little Brexit, agora, vai assentar como uma luva à atual situação britânica, to say the least (ou, no caso, the “littlest”..). O ator Matt Lucas até lembra fisicamente Boris Johnson e o Parlamento britânico habituou-nos já àquele funcionamento singular, em modo tão superlativo como irreverente e imprevisível, a que Bercow deu voz.
E por cá? No nosso Parlamento é a pluralidade que se faz ouvir no momento. O nosso tempo é o da mudança e um desses sinais é claramente a superação do “arco da governação”. Essa transição traz consigo, entre outras coisas, a exigência de cada vez mais e melhor diálogo. O pressuposto da alternativa, em contexto democrático, é um antídoto contra a estagnação e, nesse sentido, será sempre salutar e sempre de saudar. No entanto, é vital saber distinguir o fundamental do acessório. Se a saia do assessor é acessória e um fait divers, a deriva para o populismo claramente não o é e – essa sim – poderá trazer escondido algo que seja perigoso. Não é o hábito que faz a democracia. O que a pode fazer é mesmo o compromisso com a defesa dos valores que a nossa Constituição defende e com o respeito pelo Parlamento que a sua vetustez exige.
No debate do programa do governo, o PSD fez-se representar pelo foco no acessório. Com apoio que chegasse, optou pela mera crítica ao elenco governativo, sem debater propostas e estreando um novo tipo de comentarismo – o parlamentar. A convergência à direita, aliás, fez-se unicamente em torno da miopia oportunista. Aquela miopia que não reconhece nem resultados nem propostas concretas onde as há e, também por isso, se vê incapaz de apontar caminhos alternativos. Valerá mesmo a pena assumir novamente como estratégia a desvalorização do período de regeneração que foi a última legislatura? A quem, e de que modo, aproveitou ou aproveita dar gás a polémicas? Aos portugueses de certeza que não.
O programa do governo foi estruturado em função daquilo que é verdadeiramente legítimo em democracia – o interesse nacional e do coletivo das pessoas, sem descurar as suas singularidades. Numa lógica europeia, cada vez mais inclusiva e amiga do planeta, mantém-se o rumo a uma mudança mais ambiciosa, assente na regeneração dos serviços públicos, na redução da dívida pública e na melhoria dos rendimentos das pessoas. Como fazê-lo? Pelo diálogo e pela negociação séria que permitam a materialização em medidas concretas e efetivas. E sempre por uma democracia que transborde a sede parlamentar e que dialogue em harmonia com a sociedade civil.
Deputada do PS