Diário de Notícias

Como a mexida nas areias pode afetar a criação de ostras

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A alteração do caudal pode ainda mudar a dinâmica do rio. E na produção de ostras, isso poderá trazer consequênc­ias a nível do arrastamen­to de mesas e sacos – algumas vezes isso já se verifica, o que torna necessário recorrer a mesas pesadas, de ferro, para não serem arrastadas pela corrente.

Célia aponta ainda que a turbidez das águas, além de diminuir a produção de fitoplânct­on, aumenta a colmatação dos sacos de ostras por lamas. Isso obriga a um maior manuseamen­to, podendo mesmo causar a morte das ostras por falta de tempo para revirar os sacos – onde as ostras crescem. Em condições normais, os sacos são lavados e virados de 15 em 15 dias. Poderá também fazer crescer os custos operaciona­is.

A produção ostrícola sofreu um acentuado declínio nos anos 1970, época em que cerca de quatro mil pessoas se dedicavam este trabalho no Sado. Uma das potenciais causas apontadas é a doença das brânquias, que na época afetou a produção de ostras a nível europeu. O desenvolvi­mento da indústria de construção naval e a poluição das águas com TBT (tributiles­tanho) utilizado nas tintas poderão também explicar esse declínio.

Segundo um estudo de Ricardo Salgado, a proibição do uso nas tintas do TBT e o tratamento de efluentes resultaram na recuperaçã­o da ostra no estuário. O estudo concluiu ainda que as ostras crescem de forma mais célere no Sado (entre seis e nove meses) do que em França (cerca de 13 meses) devido às temperatur­as.

Em 2018, a produção de 480 toneladas de ostras no rio Sado gerou dois milhões de euros. Para 2020 – com o financiame­nto público de cinco milhões – está previsto que a produção cresça para 1800 toneladas, que deverão traduzir-se em 4,7 milhões de euros.

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