Resultado do “menosprezo” dos governos pelos polícias
O Movimento Zero foi criado a 21 de maio deste ano e a sua ação mais visível aconteceu no aniversário da PSP, em julho deste ano, na Praça do Império. Várias centenas de polícias, vestindo t-shirts com o símbolo do Movimento Zero, voltaram as costas quando o diretor nacional da PSP, Luís Farinha, começou a falar na cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, mantendo-se nesta posição até ao final do discurso. Quando o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita começou a discursar, os polícias também estavam de costas voltadas. Saíram, assobiando em sinal de protesto, levantando os braços e fazendo o gesto do zero com os dedos. O seu crescimento é atribuído quer ao fracasso dos sindicatos da PSP (17) quer da GNR, os quais não representam mais do que metade do efetivo. Os abusos dos dias de folgas sindicais por parte de dirigentes e delegados sindicais também não foram bem-vistos, principalmente pelos agentes, que eram obrigados a compensar as faltas com trabalho extra. Paulo Rodrigues, que refuta “falhas” dos sindicatos, considera que o aparecimento e o crescimento de estruturas como o Movimento Zero resultam da “forma como os governos têm tratado os polícias, votando-os ao menosprezo, à desvalorização, não resolvendo os problemas que estão identificados há tantos anos”. Este dirigente entende que o caminho escolhido pelo Movimento Zero “pode ser perigoso”, mas “é o governo que empurra os polícias para situações destas, continuando a não responder às reivindicações das associações sindicais”. Num comunicado conjunto divulgado na quinta-feira, os organizadores da manifestação fazem um apelo para que “os participantes não pratiquem atos ou tenham atitudes que comprometam as verdadeiras razões da manifestação ou a condição policial”. Avisam ainda que “não serão permitidos objetos, cartazes ou outros, alusivos à promoção de políticas partidárias, ideológicas ou que evidenciem qualquer tipo de apologia que não tenha enquadramento direto com matérias socioprofissionais das forças de segurança”. V.M.