Diário de Notícias

Rio, Montenegro e Pinto Luz jogam tudo nas distritais mais agrestes

Os candidatos à liderança estão com intensidad­e no terreno, sobretudo a tentar conquistar votos nas estruturas onde têm maiores resistênci­as.

- PAULA SÁ

Rui Rio, que está ao comando do partido e do grupo parlamenta­r em que enfrentou o primeiro-ministro no debate quinzenal de quarta-feira, não tem descurado os contactos com as bases a dois meses das eleições diretas de 11 janeiro. E, neste fim de semana, vai ter duas iniciativa­s fortes para demonstrar que está com força nesta recandidat­ura à presidênci­a do partido: neste sábado, em Gaia, junta a estrutura nacional da juventude que o apoia e, no domingo, em Santa Maria da Feira, é a vez de dar palco à estrutura nacional da sua candidatur­a.

Já na segunda-feira, o presidente/recandidat­o tinha organizado um almoço em Braga, distrital que é liderada pelo eurodeputa­do José Manuel Fernandes e lhe é favorável, com vários presidente­s de câmara e de secção do distrito. Esta é, aliás, uma das quatro distritais onde o peso dos militantes é mais decisivo para a eleição direta dos líderes. As outras são as de Lisboa, Porto e Aveiro.

Fontes do PSD garantiram ao DN que, apesar de as distritais estarem bastante divididas, as estruturas e os militantes do Porto e de Aveiro estão mais pró-Rio do que pró-Montenegro. E a de Lisboa penderá muito para Miguel Pinto Luz, até porque Ângelo Pereira, que lhe é muito próximo, acabou de ganhar a presidênci­a da estrutura da capital, numa contenda com Sofia Vala Rocha.

Luís Montenegro anda por todo o país, mas está a concentrar esforços nas zonas que são mais desfavoráv­eis. O antigo líder parlamenta­r social-democrata tem vindo a desdobrar-se em almoços, jantares e reuniões com dirigentes, autarcas e militantes destacados.

Montenegro terá maiores apoios em Viseu, cujo líder da distrital, Pedro Alves, é o seu diretor de campanha. Este dirigente esteve com Rui Rio nas diretas em que foi opositor de Pedro Santana Lopes, mas foi-se tornando um crítico da sua liderança. Já em janeiro, esteve ao lado de Montenegro quando desafiou a liderança do atual presidente social-democrata.

O antigo líder parlamenta­r – que tem como homem forte o seu sucessor na bancada, Hugo Soares – tem ainda força nas distritais de Leiria e Coimbra.

As estruturas dirigentes da Madeira, dizem as mesmas fontes, deverão fazer uma repartição salomónica dos apoios aos três candidatos, mas os Açores parecem pender mais para Rui Rio.

Tudo somado, Rio parece ter mais apoios de peso dentro do partido, mas ninguém consegue dizer se consegue ser eleito à primeira volta. É por isso que toda a sua estrutura está concentrad­a em que a votação seja suficiente para não ter de enfrentar Montenegro duas vezes. “Numa segunda volta, as coisas podem mudar, mesmo que Rui Rio seja o mais votado na primeira. Os votos de Miguel Pinto Luz, que provavelme­nte até não apoiará nenhum dos dois, ‘vão cair’ inevitavel­mente nas urnas em Montenegro”, sublinha ao DN uma fonte social-democrata.

Dos três candidatos assumidos – o ex-deputado e ex-assessor político de Pedro Passos Coelho Miguel Morgado está a tentar recolher as 1500 assinatura­s necessária­s para entrar na corrida –, só Miguel Pinto Luz ainda não fez a apresentaç­ão pública, o que acontecerá na próxima segunda-feira, dia 18. O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais anunciou a entrada na corrida à liderança num vídeo publicado noYouTube e desde essa altura tem mantido, tal como Rio e Montenegro, uma ronda intensa de contactos a nível nacional. Tanto mais que, apesar de ter sido líder da distrital de Lisboa do PSD e de ser autarca, é o menos conhecido dos candidatos.

Luís Montenegro foi o primeiro a ter site oficial de candidatur­a – que tem como slogan “A força que vem de dentro” – e propõe-se a combater o PS e a levar novamente o PSD ao poder. Na sexta-feira passada fez a apresentaç­ão pública dos motivos que o levam a concorrer à liderança. Traçou um objetivo claro: ganhar as próximas eleições autárquica­s de 2021, incluindo a Câmara Municipal de Lisboa, agora liderada pelo socialista Fernando Medina.

Estrategic­amente, Rui Rio escolheu a sexta-feira passada para lançar o site oficial da sua candidatur­a, onde coloca “Portugal ao centro”. Além das iniciativa­s de campanha e dos apoios que vai recolhendo, o recandidat­o também aproveita as suas ações enquanto presidente do partido, nomeadamen­te as suas prestações como líder da bancada parlamenta­r, para a campanha interna.

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38.º congresso do PSD será em Viana do Castelo, de 7 a 9 de fevereiro. O líder será eleito antes, em diretas, a 11 de janeiro.

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