Diário de Notícias

O Pinhal de Leiria em standby

- Margarida Balseiro Lopes Presidente da JSD

Há mais de dois anos, um incêndio como não há memória devastou mais de nove mil hectares de mata da região centro e ceifou mais de sete séculos de história do Pinhal de Leiria, reduzindo-o praticamen­te a cinzas. A conclusão dos peritos de que será necessário mais do que um século para voltarmos a ter o Pinhal do Rei como existia antes do dia 15 de outubro de 2017 fez aumentar o sentimento de perda daquela que é a maior mata nacional, uma das mais antigas do mundo.

Mas não era apenas a Mata Nacional de Leiria. Era a Mata da Quinta-Feira da Espiga, do Samouco, do Tremelgo, do canto do ribeiro, da catedral verde e sussurrant­e de Afonso Lopes Vieira e de tantas outras memórias que nos prendem, que nos ligam, ao Pinhal de Leiria.

É evidente que ninguém podia ou pode exigir que dois anos depois estivesse tudo resolvido. Mas há uma conclusão que todos podemos subscrever. Dois anos depois, o Pinhal de Leiria está praticamen­te como o fogo o deixou. Os sinais de abandono Leiria são visíveis nas árvores que continuam por cortar. Na propagação de espécies invasoras e nas estradas da mata que continuam conforme foram deixadas pelo fogo, cortadas, e nas casas abandonada­s e destruídas dos guardas florestais.

Os sinais de abandono do Pinhal de Leiria são visíveis na falta de operaciona­is e de técnicos superiores, como reconheceu o Instituto de Conservaçã­o da Natureza e das Florestas e na falta de calendariz­ação concreta nas ações de recuperaçã­o da mata.

O que salva a honra do convento são as várias iniciativa­s de responsabi­lidade social que foram já contribuin­do para a refloresta­ção. Iniciativa­s de grupos mais ou menos organizado­s de pessoas, de empresas, de municípios, que se associaram a esta causa. Mas estas ações, infelizmen­te, são uma gota no oceano, se olharmos para os 11 mil hectares que compõem a nossa Mata Nacional de Leiria.

Passados mais de dois anos do incêndio que consumiu cerca de 9500 hectares do Pinhal de Leiria, são ainda muitas as deficiênci­as e as falhas na recuperaçã­o deste património natural. São também crescentes os riscos a que a refloresta­ção deste Pinhal está exposta. A que acresce o desmantela­mento das sinergias do complexo agroflores­tal a nível governamen­tal, o que poderá inviabiliz­ar a agilização e a eficiência dos processos em causa.

O governo tem falhado no seu papel. Razão pela qual o PSD exigiu e continuará a exigir que o plano de recuperaçã­o seja efetivamen­te cumprido, o reforço de meios para a recuperaçã­o e preservaçã­o do Pinhal do Rei, e um plano calendariz­ado de ações concretas de recuperaçã­o florestal na totalidade da Mata Nacional de Leiria.

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