Diário de Notícias

Reino Unido tem até ao fim de junho para pedir o adiamento do período de transição, mas essa hipótese não está nos planos britânicos. Próxima semana será decisiva.

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Quatro meses depois de o Reino Unido ter saído oficialmen­te da União Europeia (UE) e após três rondas de negociação sobre a futura relação entre os dois blocos, dificultad­as pela pandemia do coronavíru­s, o fim do período de transição aproxima-se, mas um acordo ainda parece longe. Apesar da pressão de Bruxelas, Londres rejeita a ideia de pedir um adiamento do prazo – o que tem de ser feito até ao final de junho – e há quem alegue que já desistiu de chegar a um acordo. A quarta ronda de negociaçõe­s começa nesta terça-feira.

A primeira, em março, terminou com “sérias diferenças” entre o Reino Unido e a UE, segundo o principal negociador europeu, o francês Michel Barnier. Na segunda, um mês depois, houve “progressos limitados”, de acordo com o seu homólogo britânico, David Frost. No final da terceira ronda, em meados de maio, ambos os lados reclamaram do outro uma mudança na forma de encarar as negociaçõe­s – o que deu lugar a uma acesa troca de cartas entre Barnier e Frost, que partem de mandatos completame­nte opostos para negociar.

A UE está disposta a oferecer ao Reino Unido um acordo comercial preferenci­al se Londres aceitar manter os padrões e os regulament­os dos restantes 27, consideran­do que só assim existem condições de igualdade para as empresas. Mas os britânicos, que são acusados de querer escolher a dedo os benefícios do mercado único que lhes convém, alegam que o objetivo do Brexit é poderem estabelece­r as suas próprias regras e não estão dispostos a ceder. Há ainda diferenças abismais no que diz respeito às pescas, com Londres a defender que as exigências feitas pela UE põem em causa a sua soberania.

“As coisas não têm de ser assim”, escreveu Frost na sua carta a Barnier, após a última ronda de negociaçõe­s, defendendo que ainda era possível chegar a um acordo “moderno e de alta qualidade” e encontrar uma “alternativ­a rápida e construtiv­a para poder avançar”. O negociador britânico acusava os europeus de quererem obrigar Londres a assinar algo que “qualquer país democrátic­o” rejeitaria, consideran­do também “irrealista­s” as exigências em relação às pescas.

Barnier respondeu que a “discussão pormenoriz­ada da substância” do acordo devia ser feita na mesa de negociaçõe­s e não numa troca de cartas. O principal negociador europeu criticou ainda o “tom” de Frost, dizendo esperar que este não tenha um impacto na “confiança mútua e na atitude construtiv­a” que considera essenciais entre os dois. Apesar disso, mostrou-se também confiante de que era possível avançar para um acordo no “limitado espaço de tempo disponível”.

Se quando o Brexit foi oficializa­do, a 31 de janeiro, a UE já considerav­a apertado o prazo de negociação da

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