Diário de Notícias

Países europeus batem recordes de casos e endurecem medidas

- Pandemia. SUSANA SALVADOR

Espanha, França, Reino Unido, Itália e Alemanha são os países europeus com maior número de casos de covid-19, com os três primeiros a apresentar mais de 300 casos por cada cem mil habitantes nos últimos 14 dias. E à procura de uma forma de reverter a situação. Espanha

Estado de alarme imposto em Madrid

Os espanhóis passaram 13 semanas confinados, num dos regimes mais restritivo­s na Europa, mas quatro meses após reconquist­arem a liberdade são o primeiro país do continente em número de casos: 936 560 nesta sexta-feira, mais de 15 mil do que na véspera. Espanha poderá chegar ao milhão de infeções já na próxima semana, acumulando nos últimos 14 dias 304,2 novos casos por cada cem mil habitantes – em Portugal são 164,4. Já morreram 33 775 pessoas, 222 nas últimas 24 horas. A Comunidade de Madrid, onde a situação é mais grave, está de novo em confinamen­to parcial. Numa guerra entre o poder regional, nas mãos do PP, e o governo central, do socialista Pedro Sánchez, este último decretou o estado de alarme, proibindo 4,5 milhões de pessoas na capital e noutras oito localidade­s de deixar os seus municípios exceto para trabalhar, estudar ou por motivos de saúde. Só são permitidos ajuntament­os até seis pessoas e os restaurant­es só podem operar a 50% da capacidade, fechando às 23.00. A Catalunha, tentando evitar seguir o mesmo caminho, só permite takeaway ou entregas. Em todo o país as máscaras são obrigatóri­as, até no exterior.

França

Recolher obrigatóri­o declarado em Paris

Cerca de 20 milhões de pessoas, pouco menos de um terço da população francesa, vão ficar a partir deste sábado sob recolher obrigatóri­o das 21.00 às 06.00 – podem ser multadas entre 135 euros e até 3750 em caso de reincidênc­ia. A medida, que vai durar quatro semanas (mas pode ser alargada para seis), afeta Paris e outras oito grandes cidades, com os autarcas locais a temerem o impacto económico que implica. Como não há restrições para viajar e se aproximam duas semanas de férias escolares, há quem tema um êxodo das cidades. Mas o presidente francês, Emmanuel Macron, está determinad­o a travar a progressão da doença. Segundo os dados do Centro Europeu para o Controlo de Doenças, nos últimos 14 dias foram registados 346,5 novos casos por cada cem mil habitantes. Na sexta-feira, foram registados mais 25 086 novos casos (834 770 desde o início da pandemia) e 122 mortes (num total de 33 303). Grandes eventos, como casamentos ou festas em locais públicos, estão proibidos, mas os espetáculo­s podem receber até cinco mil pessoas (sempre com um lugar vazio entre grupos), com os franceses a serem aconselhad­os a restringir a seis o número máximo de pessoas com quem estão ao mesmo tempo. As máscaras são obrigatóri­as.

Reino Unido

Londres no segundo de três níveis de risco

O governo de Boris Johnson criou um sistema de três níveis de risco para fazer face à covid-19, sendo que mesmo o mais baixo implica proibição de ajuntament­os com mais de seis pessoas e fecho de bares e restaurant­es às 22.00. O nível mais elevado (Lancashire e Liverpool) proíbe convívio entre agregados familiares diferentes e fecha bares, ginásios e casas de apostas. Londres, junto com outras sete zonas, passará neste sábado para o nível dois, onde agregados familiares não podem socializar em espaços fechados. Na Escócia, há zonas onde os pubs e restaurant­es estão fechados e há três semanas que não é permitido visitas a casas de outras pessoas. O País de Gales proibiu a entrada de pessoas vindas de “zonas quentes” de covid-19 no resto do Reino Unido. Na Irlanda do Norte, pubs e restaurant­es só podem trabalhar em serviço de

takeaway ou entregas. Nesta sexta-feira, o Reino Unido registou 15 650 novas infeções e 136 mortes nas últimas 24 horas, apresentan­do 320,3 novos casos por cada cem mil habitantes nos últimos 14 dias. Desde o início da pandemia o país teve 689 257 casos de infeção e 43 429 mortes.

Itália

Um ano em estado de emergência

A Itália foi o primeiro país europeu atingido pela pandemia na Europa e, apesar de o confinamen­to ter terminado, nunca saiu do estado de emergência que decretou a 31 de janeiro. Na semana passada, o estado de emergência foi prolongado até janeiro de 2021, e entraram em vigor novas regras, limitando as festas como casamentos ou batizados a 30 pessoas e aconselhan­do o máximo de seis em festas caseiras. Os restaurant­es fecham mais cedo e os desportos não profission­ais que envolvem contacto estão proibidos. As máscaras são obrigatóri­as em todo o lado, mas o isolamento em casos assintomát­icos baixou de 14 para dez dias. Itália registou mais de dez mil novos casos na sexta-feira e 55 mortes, num total de 391 611 infetados desde o início da pandemia (106,4 novos casos por cada cem mil habitantes nos últimos 14 dias) e 36 427 mortes.

Alemanha

Tribunal trava restrições em Berlim

Os estados federais alemães – que têm competênci­as na área da saúde e são independen­tes do governo de Angela Merkel – concordara­m em aplicar novas restrições, consoante os níveis de infeção. Estas podem passar desde a obrigatori­edade de usar máscaras em público até limitar ajuntament­os a dez pessoas e fechar bares e restaurant­es às 23.00. Berlim tinha aplicado esta última medida, mas um tribunal alemão revogou a proibição, consideran­do-a desproporc­ional e não contribuin­do para uma efetiva redução da infeção. As autoridade­s vão recorrer. Entretanto, na sexta-feira, a Alemanha registou um recorde de 7334 novos casos (num total de 348 557 desde o início da pandemia) e mais 33 mortes (9734 no total). Nos últimos 14 dias, houve mais 65,2 infeções por cada cem mil habitantes, o valor mais baixo destes cinco países.

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Polícia a cavalo numa rua de Londres, onde novas restrições entram em vigor neste fim de semana.

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