Diário de Notícias

“O dia-a-dia é uma incerteza, mas espero que as escolas não voltem a fechar”

- RAQUEL RAIMUNDO

A presidente da delegação do sul da Ordem dos Psicólogos acredita que o ensino não pode voltar a confinar em todo o país, mesmo com a subida de casos de covid-19. A fatura é demasiado grande, “houve jovens que estiveram seis meses sem interagir com os pares”, recorda.

“estar sempre, sempre, sempre a pôr desinfetan­te nas mãos, não querer estar perto dos colegas”.

O importante, aconselha a psicóloga, é que os professore­s, os psicólogos escolares e principalm­ente os pais estejam atentos e disponívei­s para falar sobre o que se está a passar. “É fundamenta­l que os adultos passem a ideia de que temos de ir vivendo um dia de cada vez, que nem tudo está dentro do nosso controlo. Eles não controlam, por exemplo, se um colega vai adoecer, se a escola vai ter de fechar, se algumas turmas vão ter de ir para casa: nada disso depende deles. O dia-a-dia é uma incerteza, mas espero que as escolas não voltem a fechar”, continua a presidente da delegação do sul da ordem. “Portanto, as crianças e os jovens têm de agir no que é do seu controlo: cumprir as medidas sanitárias e evitar estigmatiz­ar um colega que possa contrair covid; distância física não é distância social e, por isso, é bom que eles se mantenham em contacto, através do telefone ou do computador.”

“Se calhar não foi mau termos passado pelo confinamen­to, porque neste momento os jovens sabem o que têm a perder se voltarem todos para casa. E, nem que seja por isso, há mais vontade de cumprir as medidas sanitárias”, acrescenta a psicóloga.

Sobre a possibilid­ade de este tempo poder ser também encarado como uma oportunida­de para modernizar o ensino, Raquel Raimundo admite que possa de facto ser “um aspeto positivo da pandemia”. “Os professore­s passaram a utilizar as novas tecnologia­s de uma forma mais acentuada.” O que não coloca em causa a importânci­a do regresso às salas de aulas presenciai­s. Isso não suscita à especialis­ta qualquer dúvida do ponto de vista da saúde mental e da educação.

“Se todos tínhamos algumas dúvidas sobre como é que ia ser quando as crianças e os jovens voltassem para as escolas, acho que bastou para os pais ver como é que os filhos estavam na primeira semana de aulas”, diz Raquel Raimundo. “Mesmo os miúdos com mais dificuldad­es de relacionam­ento vinham tão felizes que foi uma forma de nos mostrar a todos que este foi o passo certo.”

“A maioria das crianças está a conseguir lidar e vai continuar a conseguir lidar de forma eficaz com esta pandemia.”

Presidente da delegação do sul da Ordem dos Psicólogos Portuguese­s

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