Poder no feminino
gostou de disse-o publicamente revelando que o pai devia “estar a mudar de túmulo de tantas voltas dar”.
Depois de cortar os laços familiares na administração e de travar mais uma batalha jurídica, em 2017 viu a NBA mostrar-lhe publicamente o apoio como proprietária e ela seguiu o seu rumo apoiada por um dos maiores da história do basquetebol e dos Lakers. “Enviei-lhe uma mensagem e disse-lhe que, às vezes, a mãe dos dragões tem de aceitar o facto de que ela é a mãe dos dragões. E ela colocou-se em modo Khaleesi”, confessou mais tarde Kobe Bryant, numa referência à série Guerra dos Tronos.
A primeira medida a solo depois de vencer a guerra fratricida foi contratar o seu grande amigo Magic Johnson. Afinal quem questionaria a contratação de um dos maiores da história da modalidade (e dos Lakers em particular) para diretor de operações? Rapidamente circularam notícias de uma relação íntima entre os dois. Mas também se soube que foi graças a ela que Magic ficou nos Lakers em 1979. Depois de ser a primeira escolha do draft, o jogador conheceu a filha do patrão e ficaram logo amigos. Pouco depois disse-lhe que ia mudar para Detroit, levando-a a falar com o pai e a travar a troca.
Contudo, a aposta em Magic não funcionou e em abril de 2019 os Lakers estava novamente em apuros. Falharam o playoff pelo sexto ano consecutivo e obrigaram Jeanie a um movimento arrojado. Ela sabia que LeBron
James queria outros voos após conduzir os Cleveland Cavaliers ao título e aproveitou-se disso e do facto de ele estar a ano e meio de ser um jogador livre. Convidou-o para jantar e LeBron aceitou, mas as agendas preenchidas foram adiando o encontro. Só nove meses depois conseguiram sentar-se à mesma mesa. O acordo foi fácil e ele prometeu-lhe devolver a glória aos Lakers outra vez. Conseguiu-o um ano depois, com a preciosa colaboração de Anthony Davis.
Os Los Angeles Lakers, fundados em 1947, conquistaram o 17.º campeonato da NBA no domingo, após a vitória no jogo seis sobre os Miami Heat. No final, Jeanie não foi esquecida.“Ela é uma dona incrível, uma mulher poderosa. Ela está confiante de que pode ser uma extensão de seu pai e continuar o legado desta grande franquia. Estou feliz por fazer parte disso”, elogiou LeBron, que fez questão de a abraçar nos festejos.
Prolongar a estadia de LeBron (MVP da NBA aos 35 anos) e do pivô são agora os dossiês prioritários em cima da mesa de Jeani Buss.
Voz política
Formada em Gestão com distinção pela Universidade do Sul da Califórnia, Jeanie Buss cresceu a ver como o pai trabalhava e foi aprendendo alguma coisa por entre corredores e hotéis, reuniões e jogos. Começou por mostrar capacidades no extinto clube de ténis Los Angeles Strings com apenas 19 anos.
Fez ainda parte do World TeamTennis e comprou os Los Angeles Blades, que jogou no Roller Hockey International de 1993-1997. Hoje, aos 59 anos, gere um património de 540 milhões de dólares (quase 442 milhões de euros) e figura na lista da Forbes das mulheres mais importantes do desporto.
Diz-se bem resolvida com a vida e que nunca leva desaforos para casa. Antes da final do campeonato posicionou-se a favor dos protestos antirracistas que surgiram após o assassínio de George Floyd e recebeu uma carta com uma mensagem assustadora: “Cara p... espero que te juntes a Kobe Bryant no inferno.” Ela denunciou-o publicamente, como já fez com outras manifestações racistas, machistas e sexistas.
Mas, mesmo depois de vencer a NBA, continua a enfrentar a desconfiança alheia. Os comentários ao seu aspeto físico e ao suposto envolvimento com atletas da equipa superam mediaticamente qualquer feito profissional.
Jeanie pode ser a mais poderosa e triunfante mas não é a única mulher a comandar franquias do maior campeonato de basquetebol do mundo. Há mais três mulheres na NBA que podem vir a levantar o troféu. São elas: Gayle Benson, dona dos New Orleans Pelicans desde que o marido morreu em 2018; Gail Miller, que comanda os Utah Jazz desde 2009, após a morte do marido, e Jody Allen, que manda nos Portland Trail Blazer, após a morte do irmão, em 2018.
Num mundo em que o sucesso das mulheres ainda é notícia, há algumas que se destacam em desportos habituados a conquistas masculinas, seja no futebol, críquete ou atletismo.
Secretária-geral da FIFA
Ex-diplomata senegalesa, que trabalhou durante décadas nas Nações Unidas.
É a primeira mulher secretária-geral da FIFA, cargo que ocupa desde 2016.
Dona dos Mumbai Indians
Filantropa indiana, presidente e fundadora da Reliance Foundation, é dona e CEO do Mumbai Indians, clube da Premier League indiana de críquete.
Comissão de atletas olímpicos
A ex-saltadora de vara russa, bicampeã olímpica e atual recordista mundial com a marca de 5,06 metros, faz parte da comissão de atletas do Comité Olímpico Internacional.
Diretora-geral da FFF e executiva da UEFA
Ex-atleta e primeira mulher a ser nomeada para o Conselho Executivo da UEFA, cargo que ainda ocupa. É ainda diretora-geral da Federação Francesa de Futebol.
Diretora-geral da Liga Portugal
Advogada de profissão, teve alguns cargos no desporto e é diretora-geral da Liga Portugal desde que Pedro Proença assumiu a presidência.