Parlamento aprova honras de Panteão a Eça de Queiroz
O projeto prevê a constituição de um grupo de trabalho para determinar a data, bem como definir e orientar o programa de transladação.
AAssembleia da República aprovou ontem uma resolução do PS para conceder honras de Panteão Nacional ao escritor e diplomata português Eça de Queiroz, recordando a sua dimensão de escritor, mas também de humanista e crítico social. O projeto de resolução visa “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.
O documento prevê ainda a constituição de um grupo de trabalho “com a incumbência de determinar a data e orientar o programa de transladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas”. A iniciativa partiu de um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz e insere-se no espírito da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos – nomeadamente cônsul de Portugal em Havana, Newcastle, Bristol e Paris –, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Nascido na Póvoa de Varzim em 1845, Eça de Queiroz é um dos mais importantes escritores portugueses de sempre. Foi autor de contos e romances, entre os quais Os Maias, que gerações de críticos e investigadores literários consideram o melhor romance realista português do século XIX. Da sua vasta obra contam-se ainda títulos como O Primo Basílio, A Cidade e as Serras, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia, A Ilustre Casa de Ramires e A Tragédia da Rua das Flores.
Eça de Queiroz foi ainda colaborador do Diário de Notícias, destacando-se como jovem repórter, assinando a reportagem sobre a abertura o canal de Suez em 1869, mais tarde ficou como cronista do DN com a autoria das “Cartas de Inglaterra”.
O histórico escritor português morreu a 16 de agosto de 1900, em Paris, e foi sepultado em Lisboa. Em setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João para um jazigo de família, no Cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião. Em breve, Eça de Queiroz deverá juntar-se a outras grandes figuras da história de Portugal no Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.
No debate parlamentar que antecedeu a votação, José Luís Carneiro realçou “um dos maiores vultos da literatura e da cultura nacional”, que na função diplomática “defendeu com superior inteligência e com coragem a dignificação do ser humano”. Já Paulo Rios, do PSD, frisou que a entrada no Panteão “está reservada a muito poucos” e Eça de Queiroz é um desses merecedores, afinal foi “um dos maiores”.