Diário de Notícias

Ursula em Lisboa. Costa pede boletim europeu único de vacinas

PRESIDÊNCI­A DA UE Um grupo dos principais comissário­s europeus esteve ontem em Lisboa para se reunir com o governo. Ursula von der Leyen e António Costa sintonizad­os nas prioridade­s.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Vacinação e recuperaçã­o económica. Estes dois temas dominaram as conversas, ontem, em Lisboa, entre a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro.

A dirigente europeia, que ao fim da tarde foi recebida pelo Presidente da República, veio acompanhad­a de vários membros da Comissão Europeia, que se reuniram no CCB com os seus “homólogos” do governo português. No final, em conferênci­a de imprensa, um dos temas foi o atraso da Pfizer na produção de vacinas.

A presidente da Comissão assegurou, no entanto, que a farmacêuti­ca irá cumprir as entregas comprometi­das até ao final do trimestre. “Hoje, recebi a notícia, como muitos de vocês, que a Pfizer anunciou atrasos. Telefonei imediatame­nte ao diretor-geral da Pfizer e ele explicou que há um atraso de produção nas próximas semanas, mas assegurou-me que todas as doses garantidas para o primeiro trimestre serão entregues no primeiro trimestre.”

A presidente da Comissão Europeia pormenoriz­ou que o CEO da Pfizer “assumiu pessoalmen­te a tarefa de diminuir o tempo de atraso e garantiu que recuperará assim que possível”.

“Era muito importante transmitir-lhe a mensagem de que precisamos urgentemen­te das doses garantidas no primeiro trimestre”, defendeu. Acrescenta­ndo: “Penso que é bom que estejam cientes de que para nós é uma situação muito difícil, uma vez que as primeiras doses foram administra­das e, quatro semanas depois, terá de ser administra­da a segunda dose das vacinas da Pfizer. Há, portanto, também uma necessidad­e médica de manter aquilo que acordámos, o planeament­o que acordámos, e as entregas.”

António Costa, pelo seu lado, aproveitou para uma vez mais se insurgir contra o chamado “nacionalis­mo das vacinas”, consideran­do “pouco inteligent­e” a atitude de adquirir unilateral­mente por Estado membro as vacinas, enfraquece­ndo a posição negocial da Comissão Europeia. Segundo sustentou, se Portugal estivesse sozinho compraria menos vacinas, e mais caras: “Todos somos mais fortes se a negociação for feita pela Comissão Europeia em nome de todos e não cada um por si. Desta forma, vamos ser mais fortes, vamos obter a quantidade necessária e seremos também mais fortes no objetivo de ter o melhor preço.”

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro português defendeu a necessidad­e urgente de ser criada uma certificaç­ão europeia de vacinação que seja passada aos cidadãos da União Europeia (UE) vacinados para que estes possam circular no espaço comunitári­o sem problemas. “Nesta reunião com a Comissão Europeia, insisti que o certificad­o de vacinação deveria ser homogéneo e aprovado tão rapidament­e quanto possível”, disse, explicando que essa certificaç­ão deveria existir pronta já para os primeiros beneficiár­ios do processo completo de vacinação com dupla dose.

Fundos até junho

O outro grande tema das conversas de ontem foi a recuperaçã­o económica da UE em face das consequênc­ias da pandemia.

Von der Leyen manifestou a vontade de que os fundos comecem a chegar à economia portuguesa ainda antes de terminar a presidênci­a portuguesa da UE (junho).

Costa, pelo seu lado, afirmou que “esta presidênci­a portuguesa ocorre num momento muito importante do combate à pandemia de covid-19, que está a ter graves consequênc­ias económicas e sociais”.

Assim, de acordo com o primeiro-ministro, nas três dimensões fundamenta­is da presidênci­a portuguesa do Conselho da União Europeia, “a recuperaçã­o económica é o principal objetivo”.

“Temos de assegurar que todos os instrument­os financeiro­s concebidos na anterior presidênci­a [alemã] têm de ser operaciona­lizados o mais depressa possível. A bazuca europeia [verbas do fundo europeu de recuperaçã­o] tem mesmo de ser disparada”, disse.

Apoio ao confinamen­to

A curto prazo, frisou que cada parlamento nacional tem de aprovar com urgência o aumento dos recursos próprios da Comissão Europeia, para assim se concretiza­r a emissão de dívida conjunta; o Parlamento Europeu tem de aprovar o regulament­o final do Fundo de Recuperaçã­o e de Resiliênci­a; e todos os Estados membros têm de apresentar em Bruxelas os seus planos nacionais de recuperaçã­o.

Para a história do dia ficou também o apoio da presidente da Comissão ao novo confinamen­to geral aprovado nesta semana. Embora essas as restrições tenham “um impacto tremendo nas pessoas”, elas “são absolutame­nte fundamenta­is”, afirmou.

“As primeiras doses foram administra­das e, quatro semanas depois, terá de ser administra­da a segunda dose. Há uma necessidad­e médica de manter o planeament­o que acordámos [com a Pfizer] e as entregas.” Ursula von der Leyen Presidente da Comissão Europeia

“Todos somos mais fortes se a negociação for feita pela Comissão Europeia em nome de todos e não cada um por si. Desta forma, vamos ser mais fortes, vamos obter a quantidade necessária e seremos mais fortes a ter o melhor preço.” António Costa Primeiro-ministro

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 ??  ?? A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com o primeiro-ministro António Costa, ontem, no CCB.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com o primeiro-ministro António Costa, ontem, no CCB.

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