Diário de Notícias

ENTREVISTA

Jorge Araújo passou de técnico vencedor no basquetebo­l a guru para empresas que querem melhorar o desempenho com a metodologi­a assente no pensamento e na intervençã­o de um treinador. Nascido no Bairro Alto há 78 anos, destacou-se sobretudo no FC Porto.

- TEXTO ANTÓNIO PEDRO PEREIRA Foi uma ligação fundamenta­l. Correu o país de lés a lés.

Como passou de treinador de basquetebo­l consagrado a especialis­ta comportame­ntal?

Designei uma metodologi­a de intervençã­o na área comportame­ntal: pensar e intervir como um treinador. Tenho vindo a desenvolve­r o que primeiro era o conceito acima de tudo prático da minha experiênci­a com as neurociênc­ias e agora com a filosofia – estou a terminar um doutoramen­to em Filosofia na Faculdade de Letras da Universida­de de Coimbra.

Como é que foi a sua infância?

Eu sou nascido em Lisboa, na Rua da Rosa, no Bairro Alto. A minha mãe era costureira. O meu pai era galego e, como todos os galegos que naquela época vieram para Lisboa, tinha tabernas e restaurant­es. Depois passou a andar embarcado, trabalhand­o às mesas. A minha juventude decorre em grande parte no Clube Nacional de Natação, na Rua de São Bento. É aí que começo a minha ligação ao basquete, aos 12/13 anos. O clube tinha natação e basquete, ainda que todos nós praticásse­mos as duas modalidade­s. Quando estávamos suados do basquete, íamos à piscina; quando estávamos com frio, íamos para o basquete. A regra era esta.

O vínculo ao basquete foi aí estabeleci­do, depois deu origem à licenciatu­ra em Educação Física e esta fez a transferên­cia para o exercício de treinador, que me fez passar para os clubes. Em Lisboa, o Clube Nacional de Natação, o Algés e o Belenenses. Em Coimbra, a Académica.

E, em março de 1978, o FC Porto. Aqui me radiquei definitiva­mente. Entre 1978 e 1998, estive 17 anos no FC Porto, com intervalos de um ano na seleção nacional, outro no Imortal de Albufeira e outro no CAB da Madeira.

Sim, e terminei a carreira na Ovarense, onde estive praticamen­te três anos. Mas começaram a ser evidentes os desentendi­mentos que deram origem ao final da carreira de treinador. Interrompo a minha carreira em janeiro de 2003 e anuncio o meu abandono definitivo em setembro de 2004.

Qual a primeira equipa que vai treinar?

Quando termino o curso estou no Clube Nacional de Natação e sou convidado pelo Belenenses. Primeiro, para jogador, mas ainda na primeira época, como tinha terminado a licenciatu­ra, convidam-me para treinador. Acabo como jogador com 24 anos. O que indica bem o mau jogador que eu era. Entretanto, dedica-se de corpo e alma a ser treinador de treinadore­s...

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