Especialistas criticam OMS e China por terem reagido tarde
Grupo Independente considera que Pequim devia ter tido ação mais vigorosa no início do surto e que a OMS tardou a declarar emergência.
AOrganização Mundial da Saúde e o governo de Pequim deviam ter reagido mais rapidamente à pandemia, concluiu o grupo de especialistas internacionais responsável por avaliar a resposta mundial, referindo que a disseminação da covid-19 beneficiou da falta de divulgação de informação.
No seu segundo relatório, que será oficialmente apresentado nesta terça-feira, em reunião da OMS, o grupo de especialistas sublinha ser possível verificar, “na cronologia inicial da primeira fase da pandemia, que teria sido possível agir mais rapidamente com base nos primeiros sinais”. “É evidente para o Grupo Independente que as medidas de saúde pública poderiam ter sido aplicadas com mais vigor pelas autoridades locais e nacionais chinesas em janeiro”, acrescentam.
Estes especialistas apontam ainda para a demora da OMS em reunir-se com o seu comité de emergência, no início da pandemia, e a relutância em declarar uma emergência sanitária internacional. “Não vemos por que razão [a OMS] não se reuniu antes da terceira semana de janeiro nem por que não declarou imediatamente uma emergência de saúde pública de interesse internacional”, o nível mais alto de alerta para uma pandemia, refere o documento.
Desde o início da crise de saúde, no final de 2019, a OMS tem sido fortemente criticada pela sua resposta, nomeadamente pela demora em recomendar o uso de máscara. A principal crítica, no entanto, foi a acusação, pelos Estados Unidos, de ter sido extremamente complacente com a China, país onde foi detetado inicialmente o coronavírus.
Em maio do ano passado, os Estados membros da OMS concordaram com o princípio de uma investigação independente e, em julho, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou a criação do Grupo Independente para fazer “uma avaliação honesta” à gestão da crise e “tirar lições” para o futuro.
Este grupo é copresidido pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e pela ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, e reúne vários especialistas de diversas áreas.
Em pouco mais de um ano, a pandemia matou já mais de dois milhões de pessoas e cerca de cem milhões de pessoas foram infetadas.