Diário de Notícias

Fábrica de vacinas em Paredes de Coura com 15 milhões de investimen­to

ENTREVISTA A empresa espanhola de biotecnolo­gia Zendal vai criar uma unidade de produção industrial de vacinas na vila minhota. Presidente de câmara destaca a importânci­a do projeto, num investimen­to de 15 milhões de euros.

- TEXTO CYNTHIA VALENTE

Como surgiu a escolha de Paredes de Coura para unidade de produção industrial de vacinas da Zendal?

Através de contactos com empresário­s galegos que têm boas referência­s da Câmara Municipal de Paredes de Coura na implantaçã­o com celeridade de projetos industriai­s. Os contactos com a Zendal começaram em setembro de 2018 e foram-se tornando sérios até à compra do terreno. E tudo isto aconteceu porque trabalhamo­s de perto com os empresário­s, cumprimos prazos e somos ágeis do ponto de vista institucio­nal. O grupo precisava de se implantar rapidament­e e perto da sede, no Porriño, e escolheu Paredes de Coura pelas razões apresentad­as. Neste processo, convém salientar que o governo português e o AICEP acompanhar­am de perto todo o processo e foram parceiros fundamenta­is nesse longo caminho.

O que significa para a região? Este projeto é muito importante para a região, mas também muito importante para o país porque até ao momento nunca tivemos capacidade para produzir vacinas de forma industrial ou massificad­a, por isso é que podemos dizer que esta unidade é a primeira fábrica de vacinas do país. Para o concelho é muito importante porque permite-nos alargar ou diversific­ar o nosso âmbito de produção industrial que está sobretudo centrado no calçado e no setor automóvel. E como é óbvio permite também criação de emprego mais qualificad­o e a fixação de jovens licenciado­s no nosso concelho. Que projeto é este?

É um projeto biotecnoló­gico que prevê a instalação de mais unidades, todas elas associadas à produção de vacinas.

Qual é o orçamento previsto? Estamos a falar de um investimen­to de 15 milhões de euros. Quantos postos de trabalho? Numa primeira fase, 30 postos de trabalho qualificad­o.

O recrutamen­to já começou? Sim, há vários meses, porque a fábrica tem de entrar em produção em finais de dezembro de 2021, os primeiros testes de produção ocorrerão em junho deste ano e, portanto, é necessário ter a equipa constituíd­a.

As atividades paralelas, como a restauraçã­o, poderão ganhar um impulso com a construção da fábrica?

Não, isso não é muito relevante. O mais importante são os postos de trabalho indiretos que, futurament­e, poderão ser criados, e poderão ser muitos. Quando falamos de empregos indiretos referimo-nos a um conjunto de empresas que vão ser fornecedor­as de embalagens, frascos, equipament­o industrial, entre outros produtos que são imprescind­íveis ao fabrico de vacinas.

Que vacinas serão produzidas? A da covid-19 poderá fazer parte do leque? É uma fábrica de produção de vacinas e será normal, ou nada surpreende­nte, que venha também a ser produzida uma vacina contra a covid-19.

A fábrica assume um papel ainda mais importante a nível social e económico numa altura de pandemia?

O que esta pandemia veio revelar ao cidadão comum é que as vacinas serão estratégic­as nos combates futuros contra este tipo de doenças. Todos ficamos a saber que a criação de uma vacina é um processo caro, complexo, demorado, assim como exige muita investigaç­ão e conhecimen­to. Daí compreende­rmos melhor as dificuldad­es e a concorrênc­ia que existe entre os Estados para conseguire­m os lotes necessário­s em tempo útil para as suas populações. Neste contexto, ao estimularm­os a produção nacional, estamos a ganhar conhecimen­to e competitiv­idade nesta área, que será cada vez mais estratégic­a para o nosso futuro. No fundo, Portugal passará a fazer parte do pequeno núcleo de países produtores de vacinas. Vamos ter um centro produtor de vacinas em massa em Portugal. Abrimos as portas a um setor que não existia, criamos perspetiva­s novas de investigaç­ão e contribuím­os para o aumento das exportaçõe­s num setor em que somos deficitári­os. É uma boa vitória para Paredes de Coura e uma boa conquista para o país.

O presidente da Câmara de Paredes de Coura destaca o papel que a empresa terá na criação de emprego indireto no concelho.

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A fábrica da espanhola Zendal deverá entrar em produção em finais de dezembro deste ano.
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