Fado, futebol e Fátima: o fado confinou
Claire Vallée quer levar a cozinha vegana para lá do círculo da gastronomia francesa.
Para que servem exatamente os artistas? Serão uns inúteis!? Se o carro avariar, não chamamos um artista, mas sim um mecânico.
Se tivermos dores na barriga, de que nos serve um artista? Vamos ao médico.
E se rebentar um fusível? Ligamos ao eletricista.
Quando se pergunta o que realmente fazem, nunca se consegue dar uma resposta suficientemente precisa e satisfatória daquilo que entregam à sociedade. Estranha-se sempre como se consegue ter uma profissão que não dá nada de tangível. Nada!
Então para que serve um escultor? Um pintor? Um cineasta ou um ator? Um músico ou um comediante? Um dramaturgo ou um realizador?
Para que nos serve o Miguel Guilherme ou o Bruno Nogueira? Para que nos serve a Mariza? Para que nos serviu, e ainda serve, a Amália? Para que nos serve um Guimarães ou um Cutileiro? Maluda, Amadeu, Pessoa, Paula Rego? Rita Blanco, Herman, Albano? La Féria? Diogo Infante? Palhaços, acrobatas, cantores. Produtores, argumentistas? Para quê? Servem para quê?
Que problemas nos resolvem? Eu diria, muitos! Mais do que aqueles que se possa imaginar.
Precisamos que nos toquem o coração, que nos agucem o pensamento.
Que nos façam fantasiar. Que nos levem a questionar a nossa própria existência.
Que nos façam lembrar e que nos façam também esquecer.
Que nos enfureçam ou que nos engrandeçam.
É isto. Na verdade, nada de prático ou mensurável.
Nada tangível.
Nada que possamos pôr num saco e levar para casa.
E então?
Então é desta inutilidade que o povo precisa.
Enquanto uns confinam ou fingem, os outros, jogam à roleta-russa.
Enquanto uns se juntam à porta dos cafés, outros ficam privados de trabalhar.
Enquanto uns vão à missa, outros ficam a rezar para que tudo isto acabe.
Pode ser que corra bem.
nhas dúvidas, ansiedades, medos, mas também graças ao nosso trabalho comum ao longo dos últimos quatro anos que hoje obtivemos a primeira estrela do Guia Michelin”, disse aos seguidores no Instagram. “Vamos continuar neste caminho, porque esta estrela é minha, é vossa, é do impossível, é aquele que leva a gastronomia baseada em plantas que é levada para o círculo da gastronomia francesa e global”, escreveu Claire Vallée.
Diz que este restaurante nasce “da recusa da exploração animal de todas formas”. “Mais do que um restaurante gastronómico, ONA quer ser um lugar de vida, onde o respeito pelo humano, a natureza e os animais estão no centro das nossas preocupações”.
O Guia Michelin foi publicado na segunda-feira e tem notado, de ano para ano, a importância dos vegetais e de uma cozinha baseada em plantas que está a encontrar o seu caminho em estabelecimentos onde, até agora, reinavam carne e peixe. À estrela Michelin, o ONA junta a estrela verde que premeia práticas éticas.
No ONA, agora encerrado devido à pandemia de covid-19, Claire Vallée propunha um menu de degustação de sete pratos. As combinações que aqui só respeitam uma regra: origem não animal.