Clube da Luz ameaçou parar de competir por 14 dias e pediu parecer à DGS, mas a autoridade de Saúde remeteu essa decisão para a Liga Portugal. Organismo de Pedro Proença não se manifestou e o Benfica decidiu para já jogar a Taça da Liga.
Márcio Sampaio (preparadores físicos), Paulo Lopes e Fernando Ferreira (treinadores de guarda-redes), Gil Henriques (analista), Telmo Firmino e Paulo Rebelo (fisioterapeutas) e Evandro Mota (psicólogo) também estão infetados. Tal como Luisão. “Manter a força. Obrigado pelas inúmeras mensagens, de coração! A resiliência sempre fez parte do meu dia-a-dia”, escreveu o agora diretor do futebol do Benfica nas redes sociais.
De acordo com o plano de retoma do futebol profissional, “a identificação de um caso positivo não torna, por si só, obrigatório o isolamento coletivo das equipas. A determinação de isolamento de contactos (de praticantes e outros intervenientes), a título individual, é de estrita competência da Autoridade de Saúde territorialmente competente”.
Assim, desde 7 de setembro de 2020, todos os infetados, assintomáticos ou não, devem ser isolados, “ficando impossibilitados de participar em treinos e competições até à determinação de cura deliberada pela Autoridade de Saúde territorialmente competente”. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo escusou-se a comentar ou a dar esclarecimentos.
Carvalhal fez mais de 60 testes
O Benfica decidiu cancelar a conferência de imprensa do treinador Jorge Jesus, de antevisão à meia-final da Taça da Liga, marcada para ontem à tarde, deixando no ar a possibilidade de não ir a jogo, uma vez que a equipa treinou de manhã, mas não seguiu para estágio como habitualmente.
Perante a possibilidade de as águias não irem a jogo, o treinador do Sp. Braga lembrou que não se lamentou das quatro baixas pelo mesmo motivo diante do Sporting e Boavista, há cerca de três semanas. “Não sou epidemiologista nem pertenço à DGS, sou treinador, licenciado em Ciências do Desporto, com especialização em futebol. Nesta época, já tivemos oito indisponíveis, entre jogadores e staff,e fomos a jogo em Alvalade e no Bessa”, recordou Carlos Carvalhal, considerando que seria “ruinoso” para o futebol e uma “catástrofe” para a
sociedade se as competições parassem por causa da pandemia.
“O futebol tem feito um trabalho extraordinário, os casos que houve são absolutamente normais. Já fui testado para cima de 60 vezes. Se não houver esta competição [Taça da Liga], vai parar também a I Liga, espero que não seja a pressão dos clubes grandes que faça que o campeonato pare, a não ser que a DGS o determine”, disse.
O Sporting de Braga é o atual detentor do troféu, mas o treinador rejeitou favoritismos. “Seremos sempre outsiders no panorama do futebol português, mas lutaremos dentro de campo para, se os ‘três grandes’ não estiverem no seu melhor, o Braga passar-lhes a perna. Vamos para todos os jogos com a intenção de vencer, independentemente do campo e do adversário”, afirmou, revelando “sem qualquer bluff” que Paulinho “está em dúvida” e só no dia do jogo poderá saber se está disponível.
Clássico às avessas com covid
Mas a polémica em torno do covid-19 já vinha da véspera. À hora de fecho desta edição, Sporting e FC Porto ainda jogavam em Leiria depois de uma violenta e feia troca de acusações devido a dois “falsos positivos” de covid-19 entre os leões terem posto em perigo o jogo.
Depois de o Sporting informar, na segunda-feira, que, afinal, Nuno Mendes e Sporar tinham tido “falsos positivos” nos testes de deteção do novo coronavírus, o FC Porto acusou o adversário de “atentado à saúde pública”, por estar a pensar utilizá-los no encontro e ameaçando não ir a jogo. O Sporting defendeu-se e acusou os dragões de pressão “absolutamente inaceitável” junto das “autoridades de saúde e da Liga” para que a dupla falhasse o encontro – o que acabou por acontecer por indicação da DGS a poucas horas do início do clássico.
Para os dragões, a “antecipação em seis dias do fim do isolamento” obrigatório dos atletas constitui “um crime público” que consideraram “inaceitável” dada a atual situação pandémica. O FC Porto, recorde-se, tem mais quatro jogadores infetados e de quarentena (Otávio, Sérgio Oliveira, Luis Díaz e Evanilson).
Excluindo os falsos positivos de Nuno Mendes e Sporar, os leões têm dois casos positivos no plantel (Neto e Tabata). O Sporting foi, a par do Gil Vicente, o primeiro clube com um surto de covid-19. A equipa de Barcelos reportou 15 infetados – chegou a ter 19 – e os leões reportaram 13 casos. A situação levou ao adiamento do jogo da primeira jornada da I Liga 2020-21. O Benfica é assim mais um clube com um surto. Além dos 17 infetados atuais, o clube da Luz já teve 16 jogadores de baixa por infeção do novo coronavírus.
O futebol não tem escapado ao aumento de casos de covid em Portugal e promete dar que falar nos próximos dias. Para já a Taça da Liga salvou-se...