Diário de Notícias

RENASCIMEN­TO AMERICANO

Tomada de posse de Joe Biden e Kamala Harris foi celebrada com festas virtuais, brindes e lágrimas de emoção entre os seus apoiantes.

- TEXTO ANA RITA GUERRA,

Em Los Angeles, a chegada do democrata Biden à Casa Branca inspirou murais.

H “oje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa: a causa da democracia”, disse Joe Biden no discurso inaugural, minutos depois de ter feito o juramento como 46.º presidente dos EUA. Ainda não eram nove da manhã na Califórnia, quase meio-dia em Washington, quando Joseph R. Biden e Kamala Devi Harris foram empossados em frente ao Capitólio, estilhaçan­do tetos de vidro e fazendo história.

“A palavra que descreve os meus sentimento­s é libertação”, disse ao DN Jean-Luc Valentin, afro-americano que vive em Los Angeles. “Fomos libertados de um destino fatal que estávamos a sofrer há quatro anos.” Valentin, que logo a seguir festejou com a mãe ao telefone, só não gostou da presença de republican­os proeminent­es na posse. “Ted Cruz usou uma máscara que dizia ‘Come and Take It’”, frisou, mensagem provocatór­ia que remonta à revolução do Texas em 1835. “Isso pareceu-me inapropria­do.”

Mas a cerimónia, a que assistiu em casa durante o pequeno-almoço, foi satisfatór­ia. “Biden é previsível e usou um tom conciliató­rio e unificador para a nação”, disse. “Falou do que aconteceu, mas prometeu ao país que fará o seu melhor para que não aconteça novamente.”

Foi este tom que impression­ou muitos dos apoiantes democratas que assistiram à tomada de posse um pouco por todo o lado, incluindo Portugal. “Sinto que este pode ter sido um dos melhores discursos de inauguraçã­o de todos os tempos”, disse ao DN Mark Reynolds, california­no a viver em Portugal e um dos muitos membros do grupo Democrats Abroad Portugal. “Terá sido a primeira vez que um presidente declarou guerra à supremacia branca?”, questionou, elogiando a chamada à unidade e o momento em que o presidente pediu uma oração em silêncio pelos 400 mil mortos por covid-19 no país.

“Há duas semanas havia insurgente­s naquelas escadas”, lembrou. Apesar de considerar que o caminho será longo, Reynolds disse que este é um bom início.

A cerimónia, que não teve qualquer percalço apesar de alguns receios, deixou comovida Caryl Hallberg, que também trocou a Califórnia por Portugal e pertence ao Democrats Abroad. “Assistir e ouvir esta cerimónia foi muito comovente e pareceu não apenas histórico, mas de alguma forma importante, pois começamos agora a seguir em frente.” A norte-americana participou numa pequena celebração virtual com amigos, durante a qual fez um brinde à nova era citando um

poema do irlandês Seamus Heanney. “A administra­ção Biden/Harris, espero e acredito, vai trazer ação baseada em investigaç­ão, opções ponderadas e planos detalhados estrategic­amente desenhados”, disse ao DN. Hallberg, que no passado teve a oportunida­de de trabalhar num pequeno projeto e partilhar o palco com o presidente Biden, descreveu-o como “extremamen­te inteligent­e e versado”, com vontade de aprender.

Para Kristi Espineira, igualmente membro do grupo, a tomada de posse marcou uma viragem. “Sinto-me orgulhosa, esperançad­a e entusiasma­da para virar esta nova página na história americana”, afirmou. “Penso que o discurso de Biden atin

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