Diário de Notícias

Centrais sindicais querem regresso de apoio à família com fecho de escolas

CONCERTAÇíO SOCIAL Ajudas para acompanham­ento dos filhos menores ainda não foram debatidas entre governo e parceiros.

- TEXTO MARIA CAETANO

O apoio extraordin­ário para os pais que foram obrigados a ficar em casa na primeira vaga, abrangeu 201 mil pessoas e custou ao Estado 83 milhões.

AUGT e a CGTP defendem o regresso do apoio à família para cuidar de menores até 12 anos caso o governo venha a determinar a suspensão das atividades letivas nos ciclos de ensino básico devido ao escalar das infeções, internamen­tos e mortes resultante­s da pandemia.

Segundo as centrais sindicais, o regresso destes apoios não foi ainda discutido com os parceiros sociais, reunidos ontem com o governo na Comissão Permanente de Concertaçã­o Social para, mais uma vez, analisarem as medidas de suporte à economia e, também, a proposta para o que deverá ser um acordo sobre formação profission­al.

No encontro, o governo fez saber que continua a ponderar a possibilid­ade de parar atividades presenciai­s nos estabeleci­mentos de ensino, depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter na terça-feira admitido que poderá ser essa a resposta caso se verifique que a estirpe inglesa do novo coronavíru­s se tornou dominante no país. “Neste momento, estamos a bater-nos para manter as escolas abertas, já que sabemos o enorme custo social que representa fechá-las”, afirmou o líder do governo.

A UGT, que antes exprimia uma posição desfavoráv­el à suspensão das aulas presenciai­s, é agora favorável à medida que entende “já começa a ser mais consensual”, de acordo o secretário-geral adjunto, Sérgio Monte. A preocupaçã­o estava até aqui na possibilid­ade de muitos alunos ficarem prejudicad­os no ensino e, até mesmo, passarem fome sem as refeições escolares. Mas, “agora, face aos números, pedimos ao governo para ponderar”.

“Se vier a ser assim, teremos que discutir os apoios, como foram discutidos em março e abril do ano passado”, afirma o dirigente da

UGT. “Obviamente, terá custos acrescidos”, admite.

Também para a CGTP, o regresso do apoio à família terá de ser reconsider­ado. “Se o governo decidir encerrar as escolas mais uma vez, o que teremos de ver é em que condições. Os trabalhado­res que tenham de dar apoio aos filhos têm de ter condições para o fazer”, defende Isabel Camarinha, a secretária-geral da Inter, que para já não manifesta posição sobre a eventual paragem das aulas. “Veremos o que dizem os cientistas. São eles que têm de dar opinião do ponto de vista da saúde de todos”.

O apoio extraordin­ário para os pais forçados a tomar conta de menores até 12 anos com a paragem das escolas, atribuído apenas quando um dos pais não se encontrava em teletrabal­ho, chegou a 201 mil pessoas e custou 83 milhões de euros. Inicialmen­te, o governo estimava gastar mais do triplo, 294 milhões, para apoiar 750 mil beneficiár­ios.

O apoio esteve em vigor a partir de 16 de março e até ao termo do último ano letivo, não se aplicando às férias escolares, e já não foi recuperado neste inverno aquando da paragem das atividades letivas a 30 de novembro e 7 de dezembro,

numa tentativa de manter as famílias em casa nos feriados do início de dezembro, antes do Natal. Nessa altura, os pais tiveram apenas faltas justificad­as.

Para o atual estado de emergência, o governo já recuperou parte da disponibil­idade de apoios existentes na última primavera. Nomeadamen­te, os apoios à redução da atividade dos trabalhado­res independen­tes e sócios-gerentes, ao mesmo tempo que o comércio e serviços agora encerrados administra­tivamente passam a poder socorrer-se do lay-off simplifica­do.

Este manteve-se em funcioname­nto para bares, discotecas e outros estabeleci­mentos de diversão que permanecem fechados desde março do ano passado.

Na reunião da concertaçã­o social de ontem, que decorreu por videoconfe­rência, estiveram ausentes a ministra do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e o ministro de Estado, Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira, após ambos terem testado positivo à covid-19.

Presente esteve o secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profission­al, Miguel Cabrita, a quem as centrais sindicais transmitir­am também a exigência de haver um reforço da oferta de transporte­s públicos, e não redução de serviços, e apelos para a afetação de mais meios para o Serviço Nacional de Saúde e para as escolas – caso continuem a funcionar.

Na reunião, o governo entregou ainda aos parceiros sociais um documento “sintético” para um acordo de concertaçã­o social sobre formação profission­al. A proposta do executivo ainda está a ser analisado pelas centrais sindicais e confederaç­ões patronais, que irão enviar pareceres.

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Apoio vigorou de 16 de março até ao final do ano letivo, com o fecho das escolas em 2020.

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