“De facto, os brasões florais foram colocados para serem temporários, mas foi-se prolongando no tempo esta presença, embora já poucos se lembrem dos feitos ultramarinos...”
A Praça do Império foi criada para a Exposição do Mundo Português, em 1940, que comemorou o duplo centenário da Independência de Portugal (1140) e da Restauração (1640). Segundo a investigadora Alexandra de Carvalho Antunes, recentemente entrevistada pelo DN, “a escolha da ‘evocativa paisagem de Belém, à sombra dos Jerónimos’, nas palavras do comissário da Exposição, para a implantação da Exposição do Mundo Português – Cidade Simbólica da História de Portugal, desde logo pretendeu aludir à memória e ao simbolismo do lugar”. Eram objetivos da exposição comemorar o passado épico de Portugal e consolidar uma “consciência nacional”.
A Praça do Império, projetada por Cottinelli Telmo, que além de arquiteto também foi cineasta, sofreu alterações em 1961, por ocasião dos 500 anos da morte do infante D. Henrique e no âmbito da Exposição Nacional de Floricultura, em que foram projetados os brasões florais.
A investigadora Alexandra de Carvalho Antunes considerou que a polémica em redor da intervenção na Praça do Império – que se arrasta desde 2014 (com maior vigor nos últimos meses) – merece uma cuidada reflexão. “De facto, os brasões florais foram colocados para serem temporários, mas foi-se prolongando no tempo esta presença, embora já poucos se lembrem dos feitos ultramarinos... Devemos aceitar como autêntico e, portanto, manter, o ‘acumulado’ de transformações que o passar dos anos trouxe aos monumentos, e nestes incluem-se os jardins”, sublinhou.
Aquela zona junto ao Mosteiro dos Jerónimos também sofreu fortes transformações, sobretudo com a construção do Centro Cultural de Belém ou do novo Museu dos Coches. “É impossível travar modificações ou progressos”, refere a investigadora da Universidade de Lisboa.