Aos 39 anos, Zlatan Ibrahimovic é o líder do AC Milan em campo, decisivo com os golos que tem marcado (12 em oito jogos). O jovem português Rafael Leão também se tem destacado na equipa que ao fim de 18 jornadas lidera a liga italiana.
nês à Fininvest, empresa com ligações a Silvio Berlusconi. No entanto, o fundo liderado por Li Yonghong falhou um pagamento de 32 milhões de euros da dívida que contraiu para pagar os 99,92973% das ações e o hedge fund norte-americano Elliot Management Corporation acabou por tomar conta do assunto em 2018. Removeu Li Yonghong da presidência e promoveu o empresário Paolo Scaroni ao posto, comprometendo-se a injetar 50 milhões de euros para estabilizar a situação financeira do clube.
Já no campo, a partir de 2019, curiosamente, ambos os clubes apostaram em antigos jogadores da Juventus para dirigirem as respetivas equipas, depois de anos de instabilidade absoluta. Depois de Massimiliano Allegri, o técnico que levou a equipa ao último triunfo na Serie A (e que conquistaria depois cinco dos nove títulos da Juve), o AC Milan somou sete treinadores (fora o interino Mauro Tassotti) até chegar a Stefano Pioli, campeão nacional e europeu pelos bianconeri como jogador e que como técnico ostentava no currículo passagens por Bolonha, Lazio, Inter e Fiorentina Já os nerazzurri não fariam melhor (dez treinadores e um interino desde José Mourinho, o último campeão) até contratarem a peso de ouro (12 milhões anuais) Antonio Conte, que além de jogador da Juve (onde venceu 13 títulos e também foi campeão europeu) fora o seu técnico nos três títulos iniciais da caminhada atual. Mas a contratação de Giuseppe Marotta para o cargo de diretor-desportivo, o cérebro por trás da construção da Juventus a partir de 2010, também foi um golpe de mestre.
Velhos e novos leões
De qualquer forma, não deixa de ser surpreendente que o AC Milan ocupe neste momento a liderança da Serie A, sobretudo para quem viu o play-off com o Rio Ave para a Liga Europa, onde a equipa quase era eliminada. Gastou pouco (cerca de 28 milhões e alguns empréstimos) para fazer alguns ajustes na equipa da época passada em nomes como Tonali, Ante Rebic, Jens Petter Hauge, Simon Kjaer, Meïté, Brahim Díaz, Kalulu ou o lateral português Diogo Dalot. E manteve as figuras basilares, como o guarda-redes Donnarumma, o central e capitão Romagnoli, o lateral-esquerdo Theo Hernández, o médio Hakan Çalhanoglou e, claro, o avançado sueco Zlatan Ibrahimovic, que com os dois golos apontados segunda-feira ao Cagliari chegou aos 12 na prova (em oito jogos...) e é, aos 39 anos, o líder da equipa em campo com o mau feitio que lhe é característico. Também o português Rafael Leão tem estado em destaque, justificando os cerca de 30 milhões investidos na sua contratação (a maior dos últimos dois anos): o avançado formado no Sporting, já leva cinco golos e quatro assistências na liga em apenas 13 jogos, quase tantos como em toda a época passada (seis golos, duas assistências). E agora, com a chegada do croata Mario Madzukic para complementar Zlatan na frente de ataque, o internacional sub-21 poderá assegurar que joga onde mais tem rendido, a partir do flanco esquerdo.
Quanto ao Inter, que Fabio Capello apontou como o principal favorito ao título, também manteve a espinha dorsal do conjunto que terminou a um ponto da Juventus na época passada. O experiente Handanovic na baliza, os centrais De Vrij e Sriniar, o inglês Ashley Young, o médio Brozovic e a dupla de avançados constituída pelo possante belga Romelu Lukaku, grande figura do conjunto graças ao seu poder físico que destrói qualquer defesa, e pelo argentino Lautaro Martínez. Além disso, gastou perto de cem milhões em reforços de qualidade, como o lateral Hakimi (ex-Real Madrid), a maior parte deles no mercado interno: Barella, Sensi, Pinamonti e Kolarov. Para completar, a dupla chilena constituída por Arturo Vidal e Alexis Sánchez deu mais um toque de experiência à equipa.
Resta saber se os dois clubes milaneses vão aguentar o ritmo até final: Pioli também começou muito bem no Inter mas acabou por baquear na fase final e não continuou; já o Inter tem fama de falhar nos momentos decisivos. Perto do fim de fevereiro, se o futebol não for interrompido entretanto, há novo derby della Madoninna (para a Taça joga-se outro já dia 25), assim conhecido em homenagem à estátua dourada que encima o Duomo, a catedral da cidade lombarda. E esse pode ser o tira-teimas decisivo para saber quem vai ser o novo rei do calcio – isto se a Juventus entretanto não se reerguer das cinzas.