ENTREVISTA
Há mais de uma década violinista na Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Ianina Khmelik é também IAN, o alter ego com que no ano passado editou o disco de estreia a solo, RaiVera, do qual lançou agora o single What the Eyes Cannot See.
Parecem dois mundos antagónicos, o da pop e o da música erudita, ou se calhar não, como se comprova em RaiVera, o disco de estreia de IAN, editado já durante o ano passado. IAN é Ianina Khmelik, uma violinista de 37 anos, nascida na Rússia, mas já com mais de metade da vida passada em Portugal, um país que hoje já considera o seu. Os mais atentos ao universo da música clássica nacional decerto reconhecer-lhe-ão o nome, enquanto primeira violinista da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, mas dificilmente a identificariam em palco como IAN, o tal alter ego com que irrompeu pop adentro, com um visual arrojado e um universo sonoro onde se cruzam trip hop, eletrónica e sonoridades sinfónicas contemporâneas. A primeira amostra desta sua outra vida foram os EP #1 e #2, ambos de 2018, que serviram de ensaio geral para RaiVera, cujo título é “um neologismo” composto pelas palavras russas rai (paraíso) e vera (fé), mas também um trocadilho com uma outra língua também já sua. “Em português o som de rai tem uma sonoridade que remete para algo diferente, muito mais estridente, como raiva ou raio. Há um contraste entre estes dois conceitos que de certa forma me define”, começou por afirmar, em jeito de apresentação, nesta conversa com o DN.
Como é que alguém com uma carreira feita na música sinfónica faz esta transição para a
A pop sempre esteve presente na minha vida e, embora quase todo o meu percurso tenha sido feito
pop?
1995
Conquistou o 2.º Prémio no Concurso para Jovens Músicos de Moscovo e no ano seguinte foi estudar para a Alemanha.
1999
Veio viver para Portugal para fugir à instabilidade política e social que então se vivia na Rússia, continuando os estudos na Escola Profissional de Música de Espinho, onde o seu tutor, também russo, dava aulas.
2006
Concluiu a licenciatura em Violino na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto.
2008
Presta pela primeira vez provas na Orquestra Sinfónica do Porto, na qual é atualmente primeira violinista.
2018
Lança as primeiras músicas como IAN, nos EP e tendo já antes colaborado com nomes da portuguesa como The Gift, Pedro Abrunhosa ou GNR.
#1
#2,
pop
2019
Edita o álbum de estreia
Os seus colegas da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música reagiram bem a esta faceta mais
pop?
Muito bem, até porque sempre quis que eles, de alguma forma, fizessem também parte deste projeto.
Vim para cá com 15 anos, era muito nova e foi uma mudança muito drástica. Mas foram circunstâncias felizes as que me trouxeram até Portugal. Alguns membros da minha família estavam
RaiVera.