Diário de Notícias

ENTREVISTA

Há mais de uma década violinista na Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Ianina Khmelik é também IAN, o alter ego com que no ano passado editou o disco de estreia a solo, RaiVera, do qual lançou agora o single What the Eyes Cannot See.

- TEXTO MIGUEL JUDAS

Parecem dois mundos antagónico­s, o da pop e o da música erudita, ou se calhar não, como se comprova em RaiVera, o disco de estreia de IAN, editado já durante o ano passado. IAN é Ianina Khmelik, uma violinista de 37 anos, nascida na Rússia, mas já com mais de metade da vida passada em Portugal, um país que hoje já considera o seu. Os mais atentos ao universo da música clássica nacional decerto reconhecer-lhe-ão o nome, enquanto primeira violinista da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, mas dificilmen­te a identifica­riam em palco como IAN, o tal alter ego com que irrompeu pop adentro, com um visual arrojado e um universo sonoro onde se cruzam trip hop, eletrónica e sonoridade­s sinfónicas contemporâ­neas. A primeira amostra desta sua outra vida foram os EP #1 e #2, ambos de 2018, que serviram de ensaio geral para RaiVera, cujo título é “um neologismo” composto pelas palavras russas rai (paraíso) e vera (fé), mas também um trocadilho com uma outra língua também já sua. “Em português o som de rai tem uma sonoridade que remete para algo diferente, muito mais estridente, como raiva ou raio. Há um contraste entre estes dois conceitos que de certa forma me define”, começou por afirmar, em jeito de apresentaç­ão, nesta conversa com o DN.

Como é que alguém com uma carreira feita na música sinfónica faz esta transição para a

A pop sempre esteve presente na minha vida e, embora quase todo o meu percurso tenha sido feito

pop?

1995

Conquistou o 2.º Prémio no Concurso para Jovens Músicos de Moscovo e no ano seguinte foi estudar para a Alemanha.

1999

Veio viver para Portugal para fugir à instabilid­ade política e social que então se vivia na Rússia, continuand­o os estudos na Escola Profission­al de Música de Espinho, onde o seu tutor, também russo, dava aulas.

2006

Concluiu a licenciatu­ra em Violino na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Instituto Politécnic­o do Porto.

2008

Presta pela primeira vez provas na Orquestra Sinfónica do Porto, na qual é atualmente primeira violinista.

2018

Lança as primeiras músicas como IAN, nos EP e tendo já antes colaborado com nomes da portuguesa como The Gift, Pedro Abrunhosa ou GNR.

#1

#2,

pop

2019

Edita o álbum de estreia

Os seus colegas da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música reagiram bem a esta faceta mais

pop?

Muito bem, até porque sempre quis que eles, de alguma forma, fizessem também parte deste projeto.

Vim para cá com 15 anos, era muito nova e foi uma mudança muito drástica. Mas foram circunstân­cias felizes as que me trouxeram até Portugal. Alguns membros da minha família estavam

RaiVera.

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