Diário de Notícias

MARCELO REELEITO PRESIDENTE

Última de quatro sondagens mantém o atual Presidente no patamar dos 60 pontos percentuai­s. Ana Gomes está no segundo lugar, mas Ventura aproxima-se e vale tanto como Ferreira e Marisa somados.

- TEXTO RAFAEL BARBOSA

O ÚLTIMO DE QUATRO BARÓMETROS DN, JN E TSF MANTÉM O ATUAL PRESIDENTE NO PATAMAR DOS 60 PONTOS PERCENTUAI­S. ANA GOMES ESTÁ NO SEGUNDO LUGAR, MAS VENTURA APROXIMA-SE E VALE TANTO COMO FERREIRA E MARISA SOMADOS. 59,7%

Marcelo Rebelo de Sousa tem praticamen­te garantida a eleição no próximo domingo, mesmo que a abstenção possa chegar, como se prevê, a uns impression­antes 60%. De acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, o atual Presidente continua com 44 pontos de vantagem sobre a socialista Ana Gomes. O candidato da direita radical, André Ventura, mantém a trajetória de subida, mas fica no terceiro lugar. No entanto, vale mais do que a soma do comunista João Ferreira e da bloquista Marisa Matias, ambos em queda. Tiago Mayan ganha fôlego e Vitorino Silva aparece finalmente no radar.

Mais do que uma antecipaçã­o de resultados, esta sondagem da Aximage sobre as eleições presidenci­ais deve ser olhada como a quarta e última de uma série de barómetros, a partir dos quais é possível perceber tendências. E uma das tendências mais evidentes aponta para uma abstenção a rondar os 60%, com efeitos imprevisív­eis, não só sobre os resultados finais, como sobre as posições relativas de cada candidato (ver texto secundário). Acresce que o trabalho de campo deste inquérito decorreu até 15 de janeiro, o que significa que já não mede os efeitos da última semana de campanha. E muito menos a forma como a evolução desenfread­a da pandemia nos últimos dias pode

ditar mudanças radicais no comportame­nto dos eleitores.

Vantagem de 44 pontos

É olhando para o conjunto de sondagens e para o percurso do candidato que é possível dizer que Marcelo Rebelo de Sousa será reeleito. Apesar de acumular perdas ligeiras desde outubro (três pontos percentuai­s no total), chega às vésperas da eleição com um resultado estimado de 59,7% e 44 pontos acima da socialista Ana Gomes, que também perdeu dois pontos nestes quatro meses, mas estacionou nos 15,4%.

A ex-eurodeputa­da é a favorita para ficar no segundo lugar, uma vez que o principal concorrent­e, André Ventura fica a pouco mais de cinco pontos (9,7% nesta última sondagem). Mas o favoritism­o fica um pouco tremido quando se percebe que o candidato da direita radical apresenta uma tendência de subida, conseguind­o mais dois pontos do que em dezembro. E tem com uma outra “vitória” à vista: neste momento, vale mais do que a soma dos dois candidatos mais à esquerda.

Comunistas e bloquistas

O comunista João Ferreira é um dos candidatos cujo resultado é mais difícil de antecipar, uma vez que a tendência foi sempre de cresciment­o, até agora, com travões a fundo e uma queda para os 5% em janeiro. Ainda assim, pode aspirar a ficar à frente da rival bloquista, uma vez que Marisa Matias continua em trajetória descendent­e (4,3%). É fundamenta­l ter em conta, no entanto, que a recolha dos inquéritos só parcialmen­te coincide com o inusitado insulto deVentura – o episódio do batom vermelho –, que se tornou um tema central da última semana de campanha da eurodeputa­da do BE.

Mais para o fundo da tabela, o liberal Tiago Mayan parece ter beneficiad­o, em janeiro, da exposição mediática que conseguiu com os sucessivos frente-a-frente nas televisões: depois de três meses a arrastar-se com resultados à volta do ponto percentual, aparece agora com 3,3%. Só com os resultados de domingo será possível confirmar que esse crescendo se transformo­u numa tendência.

É uma situação algo semelhante à de Vitorino Silva ( Tino de Rans), que esteve praticamen­te ausente até esta última sondagem, que lhe atribui 1,5% (em 2016, conseguiu 3,28%), claramente catapultad­o pelos debates e pelo acompanham­ento diário das televisões ao candidato confinado. A noite eleitoral confirmará, ou não, o ressurgime­nto.

Socialista­s com Marcelo

Uma das melhores garantias de uma eleição à primeira volta para Marcelo Rebelo de Sousa, e com um resultado robusto, é o continuado e massivo apoio dos eleitores socialista­s, visível ao longo dos últimos quatro meses e novamente confirmado por esta última sondagem: são mais de dois terços os que preferem renovar o mandato ao atual inquilino de Belém (63,6%). Soma-se um apoio ainda maior entre os eleitores sociais-democratas (74,1%), garantindo uma vantagem esmagadora no chamado “bloco central”, crucial para vencer eleições em Portugal.

A sua principal adversária, Ana Gomes, não só não tem o apoio formal do PS, como não consegue mais do que três em cada dez eleitores socialista­s, ainda que se revele capaz de pescar em águas bloquistas e comunistas. À sua esquerda, João Ferreira segura dois terços do eleitorado da CDU, e Marisa Ferreira pouco mais de metade dos eleitores do BE. E ambos revelam capacidade mínima de alargament­o da sua base de apoio para além do partido de origem.

André Ventura, que também é líder do Chega, é muito mais eficaz do que qualquer dos seus adversário­s (Marcelo incluído) a segurar os eleitores do partido de origem, mas fica limitado a essa base, com uma notável exceção: poderá conquistar um em cada dez eleitores do PSD. O mesmo sucede com a base de apoio do liberal Tiago Mayan, embora em números bastante mais reduzidos.

Inclinaçõe­s de género

Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura não pertencem apenas a direitas diferentes. Estão também separados por uma fronteira de género bastante vincada.

O atual residente de Belém é o candidato com maior desequilíb­rio absoluto no que diz respeito ao género, com vantagem para o apoio feminino: representa­m 68,9%, muito acima da média e com mais 19 pontos percentuai­s do que os homens.

Ao contrário, a marca registada de AndréVentu­ra (como a do Chega) é o domínio da testostero­na: 14,3% de apoio entre os eleitores homens, ou seja, quase o triplo, ou mais nove pontos percentuai­s do que entre as mulheres.

Em quase todos os restantes candidatos, o suporte masculino é maioritári­o, ainda que em nada se aproxime do que se passa com o líder da direita radical. A exceção é Marisa Matias, a única em que há um equilíbrio quase total entre homens e mulheres.

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