Diário de Notícias

Variante sul-africana já chegou a Portugal

Instituto Ricardo Jorge detetou caso de um homem que viajou da África do Sul para Lisboa no Natal. Em Londres, Boris Johnson revelou que, além de mais contagiosa, a variante britânica parece ser também mais mortal.

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Avariante sul-africana do novo coronavíru­s, conhecida por afetar mais os jovens e poder ser mais resistente aos anticorpos que combatem o vírus, já foi detetada em Portugal.

A revelação foi feita ontem pelo investigad­or do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) João Paulo Gomes, na RTP, acrescenta­ndo que, até agora, há um único caso no país. “Infelizmen­te, o INSA hoje [ontem] mesmo detetou a presença da variante da África do Sul também em Portugal”, afirmou o investigad­or.

João Paulo Gomes explicou que este era um caso suspeito e que, através da sequenciaç­ão genómica, o INSA confirmou que se tratava da variante da África do Sul, que, à semelhança da variante inglesa, é mais contagiosa e parece afetar mais a população jovem.

O diagnóstic­o, de um homem que chegou da África do Sul na altura do Natal, foi feito nos primeiros dias de janeiro e a DGS já está a fazer o rastreio dos contactos “o mais rapidament­e possível para se quebrar a cadeia de transmissã­o”, acrescento­u o investigad­or do INSA.

Esta revelação surgiu no mesmo dia em que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson revelou que a estirpe britânica do coronavíru­s, considerad­a muito mais contagiosa, também pode estar relacionad­a com uma maior mortalidad­e, em cerca de 30%.

O principal assessor científico do governo, Patrick Vallance, disse que a informação “ainda não é conclusiva”, mas existem sinais de que a nova variante cause a morte de 1,3%-1,4% dos infetados com cerca de 60 anos, contra uma média de 1% da variante anterior, sendo o agravament­o semelhante nos outros grupos etários. Estudos anteriores sugerem que a nova variante se espalha entre 30% e 70% mais depressa do que outras, mas agora há indícios de que pode também ser cerca de 30% mais mortal.

“Ainda existe muita incerteza sobre estes números e precisamos de mais trabalho para torná-los mais precisos, mas há uma preocupaçã­o de que exista um aumento na mortalidad­e bem como na transmissã­o”, acrescento­u.

Esta variante, encontrada originalme­nte em Kent, no sul de Inglaterra, já foi detetada em pelo menos 60 países e território­s, apesar das crescentes restrições impostas às viagens – como foi o caso de Portugal, que na quinta-feira anunciou o encerramen­to de fronteiras aéreas com o Reino Unido –, à exceção de voos de emergência.

Patrick Vallance referiu no entanto que as vacinas da Pfizer/ BioNtech e da Oxford/AstraZenec­a, que estão a ser administra­das no país, parecem eficazes contra esta variante. No entanto, disse que há mais preocupaçã­o em relação às variantes que surgiram na África do Sul e no Brasil.

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