PCP aponta um resultado “idêntico” ao das presidenciais de há cinco anos, numa conjuntura particularmente difícil
Bloco de Esquerda rejeita que a votação de domingo seja uma punição ao partido pelo voto contra o Orçamento do Estado deste ano
do resultados nas presidenciais.
Se a maioria dos comentadores viu o resultado do BE como uma penalização dos eleitores ao chumbo do partido ao Orçamento do Estado, no final de novembro, esta ideia é totalmente recusada na cúpula do partido. Com dois argumentos: a intenção de voto manifestada na já citada sondagem para as legislativas, e o facto de os resultados do PCP não mostrarem uma recompensa do eleitorado ao voto favorável da bancada comunista ao OE. “Não houve qualquer punição ao Bloco de Esquerda”, argumenta um dirigente do partido.
O Bloco prepara-se, por isso, para explicar este resultado em função da especificidade absoluta destas eleições. Por se tratar de uma reeleição e, em cima disso, com presidente recandidato que foi captar votos a todos os quadrantes políticos (e no Bloco não terão sido poucos). Quanto à transferência de voto para Ana Gomes, e a similaridade entre as duas candidaturas, na cúpula bloquista defende-se que uma convergência só teria servido para deixar escapar mais voto para Marcelo.
A conclusão é que as eleições deixaram tudo na mesma à esquerda, e que o terramoto eleitoral foi à direita, com forças como o Chega (e, em menor medida, a Iniciativa Liberal) a ameaçarem os partidos da direita tradicional.
Mas se esta é a leitura que faz caminho na cúpula, não se estende a todo o partido. Um grupo de militantes alinhado na tendência Convergência preparava ontem uma tomada de posição sobre as presidenciais, com um ponto de vista bastante mais crítico.
E se António Costa foi apontado como um vencedor indireto destas eleições, entre outras razões pela fragilização dos partidos à sua esquerda, há quem conteste esta leitura, lembrando que o Governo minoritário dos socialistas continua a precisar de apoio para aprovar medidas no Parlamento e para fazer passar o Orçamento para o próximo ano. E isso significa que continuará a precisar da esquerda, até porque o Chega em crescimento à direita deixa pouco ou nenhum espaço a Rui Rio para viabilizar o orçamento dos socialistas.