“O capuz pesa menos de cem gramas e, por exemplo, se o utilizador usar óculos, não os embacia e não distorce a visão.”
O dispositivo foi inicialmente concebido para dar resposta às necessidades dos profissionais de saúde na linha da frente contra a covid-19 e foi só durante o processo de criação dos protótipos do Air Safe que Jorge Noras se apercebeu do potencial da sua criação.
“Este dispositivo é muito mais do que para a covid-19”, que “é temporária”, diz. Os primeiros protótipos foram enviados para “hospitais públicos e privados, dentistas” para serem testados pelos profissionais de saúde e foi aí que soube que tinha uma ideia com mais valor do que o que inicialmente previra.
“O feedback de todos foi muito positivo”, assegura. Jorge Noras não tem dúvidas de que tal se deve às características inovadoras do aparelho que combina “filtros com uma capacidade de filtragem de 99,99% – como segurança de filtragem de respiração não pode haver mais” – com o conforto de utilização.
“O capuz pesa menos de cem gramas e, por exemplo, se o utilizador usar óculos, não os embacia e não distorce a visão”, explica.
Um dos locais onde o Air Safe pode vir a fazer parte do quotidiano de cirurgiões e outro pessoal médico é nos blocos operatórios onde todo o pessoal precisa de usar máscaras, viseiras – desde sempre, “antes da covid-19”.
“Quando experimentaram isto – um só equipamento, leve, que não embacia, é confortável – até posso dizer que tive alguma dificuldade para me devolverem os equipamentos depois de os testarem”, recorda Jorge Noras, reforçando que não pôde deixar de recuperar os protótipos “porque ainda não estão certificados”.
Os dentistas também têm de usar uma série de equipamentos de proteção diariamente e durante longas horas e Jorge Noras espera que o seu dispositivo passe a fazer parte da mobília nos consultórios dos médicos estomatologistas – um mercado “no qual nem sequer tinha pensado inicialmente”.
Air Safe vs. máscara
A grande diferença em relação à utilização da máscara a que todos já nos habituámos é o conforto que pudemos comprovar durante a nossa visita à fábrica da Noras Performance em Torres Vedras onde experimentámos o dispositivo.
O capuz é leve, fácil de ajustar à cabeça mas suficientemente amplo para permitir a sensação de que se está a respirar livremente. Outra das vantagens é permitir ver a expressão facial do utilizador – um elemento fundamental da relação entre profissionais de saúde e doentes.
No nosso teste rápido detetámos apenas dois inconvenientes: o peso do módulo de ventilação do ar (onde se encontra a bateria) que se transporta à cintura através de uma cinta ajustável e que ronda os 800 gramas – algo que se pode tornar desconfortável ao fim de algumas horas de utilização; e o processo de colocação do dispositivo que implica algum treino inicial para garantir que os filtros estão montados de forma correta.
Fácil de utilizar e acessível ao “utilizador comum”?
O equipamento completo tem “um valor de referência de mais ou menos 500 euros” mas o preço pode baixar ligeiramente com a otimização futura da produção, analisa o inventor que admite que o dispositivo “não é especialmente direcionado” para o “utilizador comum no dia-a-dia”.
Profissionais de saúde e todos os que desempenham funções fundamentais que impliquem o contacto com outras pessoas – como condutores de transportes públicos, funcionários de supermercados, operários de fábricas, entre