A primeira mulher democraticamente eleita chefe de governo foi Sirimavo Bandaranaike no Sri Lanka, em 1960. Hoje as mulheres presidentes e primeiras-ministras rondam as duas dezenas.
mens. “Quero mostrar, pelo meu exemplo e das minhas colegas, que não são só os homens que podem chegar ao topo”, explicou numa entrevista à Reuters.
Curiosamente, e segundo um estudo sobre igualdade de género nos bálticos divulgado em finais de 2019 pelo instituto de Estatística da Lituânia, este é, dos três, o país com menor representação feminina no parlamento – 21%. Na Estónia, 29% dos deputados são mulheres e na Letónia são 31%.
A pioneira Finlândia
Quando tomou posse, em dezembro de 2019, Sanna Marin foi notícia em todo o mundo. Por ser mulher? Também, mas sobretudo por, aos 34 anos, se tornar na mais jovem chefe de governo do mundo. Uma mulher primeira-ministra na Finlândia já quase deixou de ser notícia, afinal Marin é a terceira a ser eleita para chefiar um executivo do país. A primeira foi Anneli Jäätteenmäki, que em 2003 governou o país durante uns curtos meses, sendo forçada a demitir-se, acusada de mentir no parlamento sobre a forma como obtivera uns documentos secretos durante a campanha. A segunda foi Mari Kiviniemi, em 2010 e 2011. Ambas coincidiram com a primeira mulher na presidência da Finlândia: Tarja Halonen, que esteve no poder de 2000 a 2012.
“Temos uma tradição de líderes femininas na política”, explicou à Euronews Johanna Kantola, professora de Estudos de Género na Universidade Tampere. E acrescenta: “Somos um país pequeno por isso não estamos muito interessados no que os outros pensam de nós. A igualdade faz parte da identidade do nosso país.”
Uma tradição que começou antes de a Finlândia ser independente, em 1917. As mulheres ganharam o direito de voto em 1906, quando ainda era um grão-ducado que fazia parte do império russo. No ano seguinte, elegiam as primeiras deputadas no mundo.
Mesmo assim, o governo de Marin destacou-se. Também pelo facto de ser composto por cinco partidos, todos liderados por mulheres.
Ali ao lado, a vizinha Noruega também é governada por uma mulher. Erna Solberg chegou ao poder em outubro de 2013. A segunda mulher a liderar um governo norueguês, depois de Gro Harlem Brundtland (que entre 1981 e 1996 cumpriu três mandatos), é apelidada de “Erna de Ferro” pelo punho firme com que tem liderado o país, lembrando a britânica Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” que em 1979 foi a primeira primeira-ministra na Europa. Aos 59 anos, Solberg, líder do Partido Conservador, tem equilibrado o conservadorismo fiscal com uma política social humanista. Muitas vezes também comparada à chanceler Angela Merkel, em 2020 integrou a lista das mulheres mais poderosas do mundo da Forbes. E garantiu: “A igualdade de género é essencial para uma recuperação sustentável” da crise causada pela pandemia de covid-19.
A Islândia não é exceção nesta tradição de poder no feminino. O país que teve a primeira presidente da Europa, Vigdís Finnbogadóttir em 1980, tem desde 2017 Katrín Jakobsdóttir à frente do governo. Aos 44 anos, é a segunda mulher no cargo no país.
A primeira mulher democraticamente eleita chefe de governo no mundo foi Sirimavo Bandaranaike no Sri Lanka, em 1960, após assumir a liderança do partido quando o marido foi morto. Um dos muitos exemplos de dinastias políticas, sobretudo na Ásia. Hoje as mulheres presidentes e primeiras-ministras rondam as duas dezenas.
Na Europa, é sobretudo no norte que encontramos mais mulheres à frente dos governos.
É também o caso da dinamarquesa Mette Frederiksen. Além de uma breve passagem pela confederação dos sindicatos, esta filha de um tipógrafo e de uma professora fez toda a carreira na política. Em junho de 2019, a líder dos sociais-democratas chegou à chefia do governo, tornando-se a segunda mulher primeira-ministra do país, depois da também social-democrata Helle Thorning-Schmidt, que governou entre 2011 e 2015.
Aplaudida por nomear um executivo jovem – a média de idades ficava abaixo dos 42 anos, mais do que Frederiksen tinha quando tomou posse –, a primeira-ministra foi contudo criticada por ter escolhido uma clara maioria de ministros homens: 13 em 20.
Notícia em julho de 2020 por se ter finalmente casado com o namorado de longa data após três adiamentos devido à pandemia e a compromissos políticos, também Frederiksen coincide com uma mulher chefe do Estado: a rainha Margarida II, no trono desde 1972.