Prioridades no segundo mandato do Presidente
Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais com 60,7% dos votos, o terceiro melhor resultado de sempre na eleição de um Presidente da República. E agora, o que fará o Chefe do Estado nos próximos cinco anos em Belém? Vinte e duas personalidades da vida pública portuguesa apontam o que devem ser as prioridades do segundo mandato de Marcelo, que terá início formal a 9 de março.
Acrise pandémica será a preocupação mais urgente do segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, que deve empenhar boa parte do seu esforço para ajudar os portugueses – todos os portugueses – a reerguerem-se das dificuldades económicas e sociais potenciadas pela pandemia. A preocupação atravessa parte substancial dos depoimentos das 22 personalidades que elencaram ao DN os principais desafios do segundo mandato do Presidente da República. Uma questão que será também decisiva no plano político, como alerta a cineasta Teresa Villaverde, ao escrever que “as dificuldades terríveis” que muitos vão enfrentar nos próximos anos “vão abrir feridas onde poderá entrar a solidariedade de todo um Estado” ou “o sal e o veneno” de alguns. O papel de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto travão aos populismos e garante do Estado democrático, assim como o de promotor da estabilidade política, é também destacado.
Mas esta é uma corrida de fundo, a cinco anos, e como refere o arquiteto Gonçalo Byrne é “preciso ir além da urgência”. Nestas duas dezenas de depoimentos isso significa coisas muitos diferentes. Valorizar o conhecimento, vigiar a contratação pública, impor na agenda os temas ambientais e a sustentabilidade, promover áreas como a educação e a saúde, marcar a posição portuguesa no quadro internacional. Reforçado pelo voto dos portugueses – da direita à esquerda do espetro político – Marcelo Rebelo de Sousa tem pela frente um mandato desafiante, marcado pelas enormes incertezas não só na vida nacional, mas que se estendem também ao contexto internacional. Nas palavras do embaixador Seixas da Costa, resumindo todos os desafios num só: o de fazer, a cada momento, aquilo que o país sentiu como sendo o que era necessário.
“O Presidente terá um papel crucial e imprescindível na manutenção da estabilidade política, numa altura em que as assimetrias político-sociais tenderão a aumentar.” Rui Miguel Nabeiro
“Não lhe bastará [a Marcelo] a técnica, que usou com sucesso no anterior mandato, do ‘populismo bom’; o presidente Obama também usou essa técnica – e o resultado foi catastrófico.” Inês Pedrosa