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Mais de 80% das marcações em 2020 não aconteceram. Lisboa demorará a recuperar, antecipa Vítor Costa.
Até a pandemia bater à porta, o turismo de negócios era um segmento em crescimento em Portugal. Focado em especial nos grandes centros urbanos, trazia viajantes fora das épocas altas, sendo motor do combate à sazonalidade. Com a covid, de mais de uma centena de eventos previstos para 2020, captados pelo Turismo de Portugal (TP), 80% não se realizaram. Mas a instituição liderada por Luís Araújo não desanima, e apesar da elevada incerteza sobre 2021 já marcou dezenas de eventos.
“Este será um ano de grandes desafios, especialmente no turismo de negócios. Analisando um conjunto de tendências vistas por alguns dos mais importantes players internacionais, a retoma da meeting industry basear-se-á na dicotomia de cenários: virtual/online, presencial, híbrido”, indica ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial do TP. Apesar da elevada incerteza, o programa para captação de eventos internacionais continua ativo e “para 2021, já sinalizou 63 eventos”.
No ano passado, dos mais de cem congressos marcados, “só houve 13”, sendo outros 55 cancelados e 44 adiados para 2021-2023”. Para preparar os próximos meses, o TP defende que “só faz sentido trabalhar em conjunto”. “Intensificámos as relações e partilha de informação com convention bureaux regionais, associações empresariais e empresas, para encontrar as melhores soluções para estarmos com força e eficácia no mercado, nomeadamente o estímulo à digitalização do setor.”
Um ano negro
A APECATE, que representa empresas de congressos, animação turística e eventos, não tem dúvidas: 2020 foi “muito mau, com 70% a 80% de prejuízos na animação e 70% a 90% nos eventos”. E 2021 vai depender de vários fatores, incluindo apoios à retoma e vacinação. “Há uma possibilidade de superação e sobrevivência, com as melhorias previstas a partir de maio, conseguindo as empresas ir recuperando lentamente. Caso estes pressupostos não se materializarem prevemos o encerramento de 40% das empresas”, admite ao DN/Dinheiro Vivo a associação liderada por António MarquesVidal.
A região de Lisboa é uma das que mais eventos acolhiam, o que ajuda a explicar os mais de 8,2 milhões de hóspedes que pernoitaram na área metropolitana em 2019. “Esta crise irá fortalecer Lisboa enquanto destino de lazer. Tudo indica que, pelo menos num período inicial, a retoma do turismo passará muito por produtos de lazer, principalmente viagens de proximidade a partir dos mercados europeus”, diz ao DN/Dinheiro Vivo a entidade de Turismo de Lisboa, liderada por Vítor Costa.
Quanto ao turismo de negócios as perspetivas “são menos animadoras”. “Certas viagens que empresas e instituições faziam para ações internas ou para falar com clientes deverão ser muito reduzidas, de forma definitiva”, assinala acrescentando que no caso da capital “este tipo de viagens gerava quase 20% das dormidas na hotelaria”.
Quanto a apresentações de marcas e produtos, acredita que deverão aumentar. “Após este período, as marcas precisarão de comunicar com força.” Nos congressos e conferências, assume que há diferentes perspetivas. “Há um certo consenso de que crescerão os eventos híbridos, resta saber se à custa de presenças físicas ou aumentando as audiências. Arrisco-me a vaticinar que as presenças físicas voltarão a níveis anteriores, mas vai demorar. Lisboa vai sentir o impacto por muito tempo”, acreditaVítor Costa.