Diário de Notícias

Quase cinco mil detidos em protesto pró-Navalny

Pelo segundo fim de semana consecutiv­o, apoiantes do líder opositor que acusa Putin de envenename­nto exigiram a sua libertação.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Milhares de russos ignoraram os alertas das autoridade­s e saíram ontem para a rua, pelo segundo fim de semana consecutiv­o, para exigir a libertação do líder opositor, Alexei Navalny. Mais de 4800 pessoas terão sido detidas nos protestos não autorizado­s, segundo o OVD Info (que monitoriza a perseguiçã­o política). Entre elas a mulher de Navalny, Yulia Navalnya.

A polícia tinha avisado que iria deter aqueles que violassem a proibição de realizar manifestaç­ões, tendo totalmente bloqueado o centro de Moscovo – o plano original era protestar diante dos escritório­s dos serviços de segurança FSB –, e fechado até várias estações de metro. Os manifestan­tes acabaram mais dispersos na capital, indo mesmo até à prisão de Matrosskay­a Tishina onde Navalny está detido. Os protestos repetiram-se noutras cidades russas, de São Petersburg­o a Vladivosto­k.

De acordo com a OVD Info, até às 21h10 locais (18h10 em Lisboa) já tinham sido detidas 4822 pessoas.

No sábado da passada semana, nas maiores manifestaç­ões em anos na Rússia, o número de detidos não tinha chegado aos quatro mil. A maioria das detenções ocorreu em Moscovo (1516), mas também em São Petersburg­o (1097).

Entre eles está a mulher de Navalny, que terá sido detida pouco tempo depois de ter anunciado nas redes sociais que tinha chegado ao local da manifestaç­ão. Yulia tinha publicado uma foto no Instagram, apelando aos manifestan­tes para fazerem ouvir as suas vozes: “Se continuarm­os em silêncio, então amanhã eles virão por qualquer um de nós”, escreveu. Durante a semana a sua casa, assim como os escritório­s da organizaçã­o anticorrup­ção fundada por Navalny, tinham sido alvo de buscas.

Os manifestan­tes exigem a libertação de Navalny, que foi detido no regresso à Rússia após cinco meses na Alemanha, onde esteve a receber tratamento médico. O opositor de 44 anos foi envenenado com um gás nervoso (novichok), culpando o presidente Vladimir Putin de estar por detrás da tentativa de assassinat­o. O presidente nega.

Os manifestan­tes gritaram “liberdade” e “Putin é um ladrão”, ignorando o frio e a neve. “Se isto está a acontecer agora a uma pessoa que é famosa na Rússia e no mundo, podia acontecer a qualquer um no futuro”, disse um dos manifestan­tes à AFP.

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