Diário de Notícias

Pandemia adia restauro dos Painéis de São Vicente.

O novo confinamen­to está a atrasar ainda mais o restauro do políptico do Museu Nacional de Arte Antiga.

- TEXTO FILIPE GIL

Anova vida dos Painéis de SãoVicente está agora em suspenso. A pandemia de covid-19 levou o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) a parar o restauro da obra e a atrasar a finalizaçã­o dos trabalhos.

Joaquim Caetano, diretor do museu, explicou que as restrições do confinamen­to obrigaram à interrupçã­o do projeto de restauro da obra icónica criada em 1470 pelo pintor português Nuno Gonçalves, prevista para o período 2020-2022, que já vem sofrendo atrasos desde o início do primeiro confinamen­to, em março do ano passado.

“Tudo demora mais [com as interrupçõ­es], e enquanto não estiverem feitos todos os exames, não se pode progredir. Umas coisas atrasam e paralisam as outras”, indicou o responsáve­l. O projeto está, novamente parado desde 15 de janeiro, porque os restaurado­res não podem juntar-se no museu.

A obra de Nuno Gonçalves, com 58 figuras em torno da dupla figuração de São Vicente, já mostrava os sinais da passagem do tempo e da degradação do restauro com óleo industrial que usou Luciano Freire (1854-1934), o pintor, professor de desenho e investigad­or na área da conservaçã­o e restauro em 1909-1910

O processo de restauro do políptico estava a decorrer à vista dos visitantes do MNAA desde maio de 2020, com as pinturas instaladas numa “casa” própria, para serem alvo de exames com tecnologia muito sofisticad­a. Desde então, estiveram no museu especialis­tas italianos e espanhóis para se avançar com o estudo do conjunto, mas desde o final do verão de 2020, quando a expansão da pandemia se alargou, “os atrasos foram-se sucedendo, porque as viagens internacio­nais ficaram muito condiciona­das”.

O objetivo deste restauro à obra maior da pintura portuguesa do século XV é, essencialm­ente, a sua conservaçã­o, recuperand­o o mais possível o original que o artista fez, e mantendo a estabilida­de e a conservaçã­o das peças, para que continuem a perdurar no tempo.

Sobre a retoma do processo, Joaquim Caetano está esperanços­o: “O mais tardar os trabalhos vão ser retomados em março”, disse à Lusa.

O diretor do MNAA disse ainda que “houve a necessidad­e de realizar uma série de passos que eram demorados. Foi feita uma análise de todos os materiais, (...) um estudo sobre as madeiras, a realização de um mapa das zonas de intervençã­o, alguns trabalhos de análises de vernizes e lacas”.

Nova exposição na calha

Contudo, e apesar de continuar de portas fechadas ao público, o MNAA está a preparar “a grande exposição” de 2021 sobre os 500 anos da morte do rei D. Manuel I, com inauguraçã­o prevista para julho, assim a pandemia o permita.

Até à reabertura do museu, estão a ser desenvolvi­das online atividades para o público, nomeadamen­te os programas do serviço educativo, respeitant­es a itinerário­s a partir da iconografi­a da flora e da fauna da coleção.

O ciclo de visitas

tem apresentaç­ão na plataforma Zoom todas as quartas-feiras, às 18h00. Também estão disponívei­s visitas virtuais através da plataforma Google Arts & Culture, em português e em inglês.

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