Pandemia adia restauro dos Painéis de São Vicente.
O novo confinamento está a atrasar ainda mais o restauro do políptico do Museu Nacional de Arte Antiga.
Anova vida dos Painéis de SãoVicente está agora em suspenso. A pandemia de covid-19 levou o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) a parar o restauro da obra e a atrasar a finalização dos trabalhos.
Joaquim Caetano, diretor do museu, explicou que as restrições do confinamento obrigaram à interrupção do projeto de restauro da obra icónica criada em 1470 pelo pintor português Nuno Gonçalves, prevista para o período 2020-2022, que já vem sofrendo atrasos desde o início do primeiro confinamento, em março do ano passado.
“Tudo demora mais [com as interrupções], e enquanto não estiverem feitos todos os exames, não se pode progredir. Umas coisas atrasam e paralisam as outras”, indicou o responsável. O projeto está, novamente parado desde 15 de janeiro, porque os restauradores não podem juntar-se no museu.
A obra de Nuno Gonçalves, com 58 figuras em torno da dupla figuração de São Vicente, já mostrava os sinais da passagem do tempo e da degradação do restauro com óleo industrial que usou Luciano Freire (1854-1934), o pintor, professor de desenho e investigador na área da conservação e restauro em 1909-1910
O processo de restauro do políptico estava a decorrer à vista dos visitantes do MNAA desde maio de 2020, com as pinturas instaladas numa “casa” própria, para serem alvo de exames com tecnologia muito sofisticada. Desde então, estiveram no museu especialistas italianos e espanhóis para se avançar com o estudo do conjunto, mas desde o final do verão de 2020, quando a expansão da pandemia se alargou, “os atrasos foram-se sucedendo, porque as viagens internacionais ficaram muito condicionadas”.
O objetivo deste restauro à obra maior da pintura portuguesa do século XV é, essencialmente, a sua conservação, recuperando o mais possível o original que o artista fez, e mantendo a estabilidade e a conservação das peças, para que continuem a perdurar no tempo.
Sobre a retoma do processo, Joaquim Caetano está esperançoso: “O mais tardar os trabalhos vão ser retomados em março”, disse à Lusa.
O diretor do MNAA disse ainda que “houve a necessidade de realizar uma série de passos que eram demorados. Foi feita uma análise de todos os materiais, (...) um estudo sobre as madeiras, a realização de um mapa das zonas de intervenção, alguns trabalhos de análises de vernizes e lacas”.
Nova exposição na calha
Contudo, e apesar de continuar de portas fechadas ao público, o MNAA está a preparar “a grande exposição” de 2021 sobre os 500 anos da morte do rei D. Manuel I, com inauguração prevista para julho, assim a pandemia o permita.
Até à reabertura do museu, estão a ser desenvolvidas online atividades para o público, nomeadamente os programas do serviço educativo, respeitantes a itinerários a partir da iconografia da flora e da fauna da coleção.
O ciclo de visitas
tem apresentação na plataforma Zoom todas as quartas-feiras, às 18h00. Também estão disponíveis visitas virtuais através da plataforma Google Arts & Culture, em português e em inglês.