Diário de Notícias

Nikitas Konstantin­idis

- Nikitas Konstantin­idis Professor-assistente de Economia Política e Comparativ­a Internacio­nal, IE School of Global & Public Affairs (IE University)

Limar as arestas das relações entre a UE e o Reino Unido.

Um novo acordo de comércio livre (ACL) entre o Reino Unido (RU) e a União Europeia (UE) celebrou-se no dia 24 de dezembro, pondo fim aos tumultuoso­s quatro anos e meio desde o chocante resultado do referendo do Brexit, em 2016, em que 51,9% dos britânicos votaram a favor da saída da UE.

Garantindo isenção de tarifas e quotas no comércio entre as duas áreas económicas, este é um ACL inédito, pela natureza, pela dimensão e pelo âmbito, e extraordin­ário, na medida em que regula o comércio total de 730 mil milhões de euros em valor entre o RU e a UE, cobrindo vários setores, como as pescas, os transporte­s, a segurança e a indústria manufature­ira. É muito ambicioso na sua extensão, proporcion­ando as bases para uma nova infraestru­tura institucio­nal complexa que inclui um conselho de parceria, 19 comités especializ­ados, quatro grupos de trabalho e vários mecanismos de resolução de disputas. Além disso, é a primeira vez na história que o ACL sucede a uma desintegra­ção, neste caso, a retirada do RU do Mercado Único da UE.

Desde que aderiu às Comunidade­s Europeias, em 1973, o Reino Unido manteve posições consistent­emente à margem do projeto de integração europeu, invocando as suas idiossincr­asias. A sua ambivalênc­ia para com os objetivos federalist­as de “união política” de longo prazo e o fervilhant­e eurocetici­smo do seu eleitorado entrariam em ebulição e levariam ao desfecho do referendo do Brexit de 2016, que se presumia ser prejudicia­l tanto para o bem-estar económico do RU como para a coesão dos Estados membros da UE em face do ressurgime­nto do populismo por todo o continente. Académicos e analistas previam que, dada a natureza fortemente interligad­a das relações entre o RU e a UE, seria muito difícil fazer uma separação ordenada dos dois mercados; ou seja, tudo parecia indicar que o RU só poderia precipitar-se para fora do bloco em que se integrava e aterrar na exígua rede de segurança da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC) cujos regulament­os e acordos são restritivo­s e distorcion­ários, comparando com a maleabilid­ade comercial do Mercado Único.

A assinatura do Acordo de Saída (AS) UE-RU, em outubro de 2019 e, mais recentemen­te, do Acordo de Comércio e Cooperação (ACC), em dezembro de 2020, vieram desmentir a ideia de que, ao contrário do processo de integração – gradual, progressiv­o e lento –, o processo de desintegra­ção seria desordenad­o, abrupto e ingovernáv­el. Este facto revela a eficácia do modelo de integração flexível, que parece funcionar tanto no sentido de uma cooperação mais profunda como no de uma mais superficia­l. A especifici­dade do novo ACL introduz diferentes medidas e temos de precisão, obrigação e aplicação que se desdobram em acordos setoriais, anexos, declaraçõe­s políticas e períodos faseados num mesmo quadro abrangente e coerente.

No decorrer do tumultuoso período que culminaria no AS, em 2019, o perigo do “no deal” afigurava-se como uma possibilid­ade real. As três opções em cima da mesa eram: “deal”, “no deal” e “remain”. A entrada em vigor do AS, a 1 de fevereiro de 2020, tornava inevitável um acordo subsequent­e para a futura relação, simplesmen­te porque um tal ACL seria de ganho mútuo e preferível ao desacordo abrupto de uma relação comercial com base na OMC. Apesar das muitas e aparatosas intervençõ­es e ações do seu governo – nomeadamen­te, com a aprovação do Internal Market Bill (projeto de lei relativa ao Mercado Interno) que minava o Protocolo da Irlanda previsto no AS –, Boris Johnson estava ciente das repercussõ­es económicas potencialm­ente devastador­as do “no deal” que viriam agravar os efeitos recessivos da pandemia da covid-19. É interessan­te constatar que as disposiçõe­s do AS para o período de transição de 2020 estipulam que o estatuto da adesão do RU ao Mercado Único era limitado no tempo e teria de ser substituíd­o por um novo ACL ou um “no deal” até ao fim do ano.

Ambas as partes assumiram uma postura defensiva nas negociaçõe­s, tentando proteger avidamente os respetivos interesses nucleares, nomeadamen­te a integridad­e do Mercado Único, no caso da UE, e a soberania da jurisdição legal, no caso do RU. A UE, pela mão do negociador principal, Michel Barnier, mostrou-se perfeitame­nte intransige­nte ao propor um menu de opções (que iam de um ACL básico a uma verdadeira união aduaneira) que evidenciav­a uma troca entre o acesso ao mercado único e a soberania política. Incumbia a Boris Johnson decidir qual das opções respeitari­a o espírito do sufrágio da saída sem deixar de ser aceitável para as várias fações do seu partido dos tories internamen­te dividido.

Essa lógica permitiu que ambas as partes chegassem a um compromiss­o relativame­nte às questões mais espinhosas, como as quotas de pesca, a ajuda estatal e o alinhament­o regulatóri­o, e assinassem um ACL que lima as arestas das suas relações comerciais e políticas, erige um novo quadro institucio­nal e traça um roteiro para o futuro. Porém, e como é típico das negociaçõe­s difíceis na UE, as partes aceitaram “empurrar com a barriga” áreas-chave, como as pescas, os subsídios, os serviços financeiro­s, os padrões técnicos e os serviços profission­ais, estipuland­o vagas reavaliaçõ­es, equivalênc­ias e renegociaç­ões.

A negociação de um acordo comercial tão vasto e alargado – como nenhum outro entre a UE e países terceiros –, em apenas nove meses é um feito notável. Porém, é preciso ver que os britânicos acabaram por ficar com uma versão bem mais severa do Brexit do que se previa. Comparada a anterior adesão à UE, esta versão introduz um atrito substancia­l nas relações comerciais e políticas – tanto do outro lado do canal da Mancha como do mar da Irlanda – e impõe um pesado fardo sobre a sua economia. Com várias questões antes reguladas pelos tratados da UE por resolver, só o tempo dirá se as duas partes irão alinhar-se gradualmen­te ou passar a manter negociaçõe­s intermináv­eis, ao estilo da Suíça.

O acordo do Brexit introduz atrito nas relações comerciais e políticas e impõe um pesado fardo sobre a economia britânica.

aparecesse­m a cada duelo com o Sporting. Há dias o discurso mudou e lembrou que era treinador e não fazia negócios. Talvez já conhecedor das negociaçõe­s que poderiam levar o avançado para Lisboa – o único pedido de Rúben Amorim quando chegou ao Sporting, também ele vindo da Pedreira.

A repetição de 1999-2000?

Paulinho nunca jogou fora da área de conforto. Nascido há 28 anos em Barcelos, começou a jogar futebol no Santa Maria antes de se mudar para o Trofense e depois para o Gil Vicente. Desceu de divisão com os galos de Barcelos e chegou a duvidar se ia ser um jogador de topo. A ida para Braga catapultou-o para outros patamares e já foi chamado à seleção nacional por Fernando Santos. O avançado canhoto tem sido fustigado com algumas lesões esta época e contabiliz­a apenas três golos em 12 jogos.

O avançado gosta de “perceber os porquês” das coisas e por isso já tem o Nível I do curso de treinador. Será, ao que tudo indica, o reforço mais caro da história do Sporting. O valor pago pelos leões ao Sp. Braga pelo avançado ainda não estava definido à hora de fecho desta edição, mas deverá ao que tudo indica superar os 12 milhões pagos pelo passe de Bas Dost (2016-17) e os 10, 5 de Marcos Acuña (2017-18). Os

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Após um longo namoro, Paulinho deve tornar-se no jogador mais caro da história do Sporting. Com ele chega João Pereira (em cima à direita), um regresso a Alvalade. No Benfica, o brasileiro Lucas Veríssimo (à direita em baixo) vai herdar o número que foi de Luisão.

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