Luís Faro Ramos
Obrigado, Abel.
Estamos a viver um período muito difícil. Precisamos como nunca de alegrias que nos façam acreditar que a normalidade não desapareceu totalmente.
Abel Ferreira inscreveu o seu nome na galeria de vencedores da Copa Libertadores da América, ou simplesmente a Libertadores. A vitória do Palmeiras coroou pela segunda vez um treinador português na principal competição futebolística da América do Sul. Num jogo muito equilibrado, foi a raça de Abel Ferreira que levou a melhor. Uma excelente jogada muito perto do final decidiu o título e elevou Abel às alturas dos poucos que conseguiram até agora levantar a mítica taça.
O mundo do futebol no Brasil é um mundo muito competitivo. Treinadores entram e saem ao ritmo das vitórias ou das derrotas, como em toda a parte, mas aqui o grau de exigência é superlativo. A cobrança de resultados é permanente. E Abel, um dos integrantes da novíssima chegada de portugueses ao Brasil, chegou, viu e venceu. Três meses, com mentalidade ganhadora e muita garra, já deram o primeiro resultado. Sensacional!
Os portugueses espalhados pelo mundo são em geral reconhecidos como trabalhadores, persistentes e com capacidade de integração na sociedade local acima da média. O futebol não é exceção. Abel acaba de o provar, mais uma vez.
Para a numerosa comunidade portuguesa que vive de norte a sul e de este a oeste do Brasil, Abel Ferreira deu uma alegria imensa. Um momento para recordar. Um momento que deve ser saboreado e amplificado no tempo, porque esperamos que a era dos treinadores portugueses no Brasil esteja apenas no começo.
Hoje, são dezenas os treinadores portugueses que, pelo mundo, dão vitórias às suas equipas e alegrias aos nossos compatriotas que por lá vivem e trabalham.
Pelo Brasil, é tempo de festejar na nossa língua comum. No mítico Maracanã, a bandeira portuguesa esvoaçou nas costas de Abel Ferreira e voou para milhões de pessoas em todo o mundo. Entrou nas casas de tantos portugueses que festejaram de coração quente.
Um cabeceamento perfeito quase ao cair do pano foi suficiente para fazer explodir de alegria milhões de pessoas.
Incluo-me com muito orgulho nesses milhões, e naquele entardecer épico de sábado fui mais um palmeirista.
E serei santista, vascaíno, flamenguista, ou de qualquer outro clube brasileiro, sempre que Portugal ali estiver representado.
Obrigado, Palmeiras. Obrigado, Abel.