Diário de Notícias

Magnata pró-democracia desafia lei de segurança nacional em Hong Kong

JUSTIÇA Jimmy Lai, de 73 anos, dono do jornal Apple Daily, é um dos 100 ativistas pró-democracia detidos em virtude desta lei, em vigor desde junho.

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Adefesa do magnata pró-democracia Jimmy Lai tentou ontem obter a sua fiança, num tribunal de Hong Kong, na primeira tentativa de se opor legalmente à lei de segurança nacional imposta por Pequim naquela região administra­tiva especial. Esta ação pode tornar-se um marco e pôr em discussão a independên­cia judicial de Hong Kong, num contexto no qual Pequim tenta silenciar qualquer movimento de protesto.

Jimmy Lai, de 73 anos, dono do jornal Apple Daily, é um dos 100 ativistas pró-democracia detidos em virtude dessa lei que entrou em vigor no final de junho. O magnata é acusado de “conluio com potências estrangeir­as”, considerad­o crime pela lei de segurança nacional, assim como por pedir a governos estrangeir­os que punam a China em resposta às políticas de Pequim no território semiautóno­mo.

Essa legislação é a mudança mais importante nas relações entre Pequim e Hong Kong desde a devolução da ex-colónia britânica à China em 1997. O texto criminaliz­a uma série de opiniões políticas e rompe algumas das barreiras legais que até agora separavam Hong Kong da China continenta­l, ao abrigo da fórmula “um país, dois sistemas”.

Imposta por Pequim, autoriza agentes de segurança chineses a atuarem abertament­e na cidade e dá poderes à China em alguns casos. Outra disposição da lei é a ausência de liberdade sob fiança.

Lai foi preso em dezembro. Inicialmen­te, um tribunal concedeu-lhe liberdade condiciona­l mediante o pagamento de fiança, com condições muito estritas, incluindo detenção domiciliar e proibição de se expressar nas redes sociais. Alguns dias depois, porém, o tribunal superior de Hong Kong decidiu mandá-lo de volta para a prisão até a audiência desta semana.

Agora, os juízes devem encontrar um equilíbrio entre a lei chinesa e a Common law, o antigo sistema britânico baseado na jurisprudê­ncia, a sua miniconsti­tuição e a sua declaração de direitos que supostamen­te garante a liberdade de expressão e liberdade sob fiança para crimes não violentos.

Nesta segunda-feira, os juízes interrogar­am os promotores sobre as razões, pelas quais a liberdade sob fiança não havia sido acordada.

Eles respondera­m que a lei imposta por Pequim especifica que as pessoas acusadas de crimes relacionad­os com a segurança nacional não devem ser soltas sob fiança.

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Jilly Lai foi preso em dezembro passado.

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