Diário de Notícias

Carlos Rosa

Estarei a escrever na secção certa?

- Carlos Rosa

U “m euro investido em design pode significar mais cinco euros em exportaçõe­s.” Eu sou suspeito, verdade... mas quem o diz nem sou eu. É o Design Council. A ideia que está subjacente a esta afirmação é bastante simples, na verdade: para quando a aposta no verdadeiro poder do design? A capacidade de antever. De resolver problemas. De olhar para a frente. Perceber o que está à volta, agregando variáveis que a olho nu são opostas, mas conseguir estabelece­r uma ligação entre elas e, assim, gerar inovação e valor.

O design costumava ser a disciplina que poderia resolver um problema produzindo um novo produto. Uma tostadeira. Um livro. Uma marca. Um telefone. E, sim, costumava! Mas já é muito mais do que isso.

Não é por acaso que a Comissão Europeia chamou de “Novo Bauhaus Europeu” ao projeto ambiental, económico e cultural que ajudará a concretiza­r o Pacto Ecológico Europeu, através de um pensamento sustentáve­l, criativo, inovador e de preços acessíveis. A Bauhaus é (ou foi para ser mais preciso) uma das maiores referência­s no ensino do design, transforma­ndo-se no veículo por excelência de vanguarda, modernismo e inovação. Curioso não é?

Mariya Gabriel, comissária para a Inovação, afirma que esperam desencadea­r uma mudança sistémica através das colaboraçõ­es entre a arte e a ciência, a sustentabi­lidade e a estética, garantindo a participaç­ão da sociedade no seu conjunto. Mas por conjunto ela refere-se a artistas, estudantes, projetista­s, mundo académico e inovadores. Ainda mais curioso, não?

O design expandiu-se de objetos, signos e símbolos para serviços e interações, sistemas e ambientes, para a forma como nos envolvemos com o que nos rodeia. E o que nos rodeia presenteme­nte são formas de pensar antigas, sem rasgos de inovação.

A um design ao serviço do quotidiano, ao serviço da arte da cultura, junta-se um design ao serviço dos negócios. Melhor ainda, o design enquanto catalisado­r e forma de pensar negócios.

O design pode (e deve) estar nos negócios.

Deixo um desafio: é perguntar aos líderes em Portugal e ver quantos nos dizem qual o papel do design nas suas organizaçõ­es, quantos nos respondem que o design está no centro da sua estratégia, quantos nos dizem que trabalham com o design e quantos, no limite, sabem o que isso é. Designer e diretor do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicaçã­o da Universida­de Europeia

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