CALENDÁRIO
Atletas cansados física e mentalmente e treinadores sem tempo para treino tático. Rotatividade é a única solução, segundo João Aroso. Sobrecarga de jogos tem merecido críticas de Conceição. Sp. Braga é a equipa com mais jogos desde 1 de janeiro, Sporting
Para descansar temos a Juventus”. A declaração irónica e corrosiva de Sérgio Conceição há uns dias pretendia chamar a atenção para o apertado calendário do FC Porto, com jogos a cada três dias. Um problema que se estende ao Benfica de Jorge Jesus e ao Sp. Braga de Carlos Carvalhal, também eles ainda em ação na Taça de Portugal e nas competições europeias.O problema vai continuar... pelo menos até ao final de março. Estará o Sporting em vantagem nesse aspeto?
Os dragões entram de novo hoje em campo frente ao Sp. Braga, na primeira mão das meias finais da Taça de Portugal, depois jogam com o Boavista, passados três dias, e depois na quarta-feira com a Juventus na Liga dos Campeões. Desde o dia 1 de janeiro, tanto portistas como benfiquistas, já têm dez jogos realizados em 37 e 36 dias, respetivamente, e têm mais dez desafios para disputar até ao dia 21 de março (data do último jogo nesse mês), incluindo dois duelos europeus de elevado grau de exigência. Os portistas jogam com a Juventus (dia 17 de fevereiro e 9 de março) e os encarnados com o Arsenal (no dia 14 e 25 de fevereiro). Depois o calendário deve aliviar para alguns, embora ninguém o queira na prática, uma vez que isso significa deixar de estar em todas as frentes.
Em 2021, a equipa que tem mais jogos realiados é o Sp. Braga (11 em 38 dias e 10 para jogar até ao fim de março, incluindo dois duelos com a Roma). Enquanto dragões e águias ficaram pelas meias finais da Taça da Liga, os guerreiros do Minho foram à final com o Sporting, o mais folgado até agora e o único com um troféu. Os leões fizeram nove jogos desde o dia 2 de janeiro e no próximo mês e meio só terão sete encontros, menos três do que os rivais. Isto porque já estºao fora da Europa e da Taça de Portugal.
A lei diz que tem de haver um descanso de 72 horas entre um jogo e o outro. O FC Porto, por exemplo, já jogou com 68 horas de diferença. Será suficiente? “Há estudos de fisiologia que demonstram que um jogador não recupera em 72 horas. Três dias não são suficientes para recuperar e a situação agrava-se quando os ciclos se sucedem permanentemente. Uma coisa é ter três jogos por semana, uma, duas ou três vezes seguidas, outra é jogar sete semanas nesse registo. Por muito avançada que esteja a questão da recuperação física, os jogadores não deixam de ser humanos com limites. A história de que ganham muito dinheiro e têm é de jogar não faz com que sejam ultrapassáveis os limites fisiológicos dos jogadores”, explicou ao DN João Aroso.
Para o antigo treinador adjunto de Paulo Bento no Sporting e na seleção nacional, a sobrecarga de jogos não tem solução a meio da época: “Eu não consigo compreender os motivos pelos quais as meias finais da Taça de Portugal são a dois jogos e não a um. A Taça da Liga era perfeitamente dispensável este ano. Eu entendo que há patrocinadores e muita gente envolvida e que não é fácil. As equipas que estão nas competições europeias vão pagar a fatura. Agora até os jogos em casa podem ser fora.”
Quando folgam os jogadores?
tenista Mayar Sherif fez
no Open da Austrália, ao tornar-se na primeira jogadora do Egipto a vencer um encontro do quadro principal de um torneio do Grand Slam, em Melbourne Park. A jovem natural do Cairo, de 24 anos, conquistou o triunfo diante da francesa e também qualifier Chloe Paquet, em dois equilibrados sets, com os parciais de 7-5 e 7-5, em uma hora e 41 minutos, num encontro disputado no court número seis.
Graças à estreia bem sucedida, Mayar Sherif, que figura no 131.º lugar do ranking WTA, tornou-se na primeira mulher do seu país a conquistar uma vitória num torneio do Grand Slam, neste caso no major australiano, depois de igualmente pioneira, em 2020, na qualificação para o quadro principal de Roland Garros.
“Obviamente que isto significa muito, porque foi uma barreira que finalmente consegui ultrapassar, uma barreira mental. Estou muito contente com a minha conquista e vou lutar por mais”, confessou a jovem residente em Elche, Espanha.
Apesar de ter encerrado a temporada passada a jogar torneios ITF, com um título em novembro na prova de 100 mil dólares em Charleston, na Carolina do Sul (Estados Unidos), após o feito histórico na terra batida do major francês, as conquistas de Mayar Sherif têm vindo a ser reconhecidas no seu país natal. “É uma sensação tão maravilhosa, especialmente quando as crianças me reconhecem. Quero que acreditem nelas próprias e, ao olharem para mim, queiram ser como eu”, acrescentou a tenista, que vai agora defrontar a eslovena Kaja Juvan (104.ª WTA).