Diário de Notícias

Em dois dias houve 23 mil pedidos para novo apoio aos trabalhado­res

Apoios para recibos verdes e sócios-gerentes do primeiro confinamen­to, e agora retomados, receberam até aqui cinco vezes mais pedidos do que a nova ajuda criada no OE 2021.

- TEXTO MARIA CAETANO maria.s.caetano@dinheirovi­vo.pt

ASegurança Social recebeu 23 mil pedidos de acesso ao Apoio Extraordin­ário ao Rendimento dos Trabalhado­res (AERT) nas primeiras 48 horas em que o formulário de pedido foi disponibil­izado, avançou ontem no Parlamento a ministra do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social. Segundo Ana Mendes Godinho, o número “mostra a grande procura por este apoio”.

A medida do Orçamento do Estado de 2021 destinada a responder a uma grande variedade de situações de perda de rendimento­s ou proteção social por trabalhado­res e desemprega­dos – com diferentes condições de acesso e valores disponibil­izados – corre em paralelo, neste momento, com o apoio à redução da atividade para trabalhado­res independen­tes e sócios-gerentes, e apoio a trabalhado­res informais, reativados no atual estado de emergência.

Os dados apresentad­os pela ministra do Trabalho indicam que têm sido, para já, os apoios de 2020, agora retomados, os mais procurados pelos trabalhado­res em dificuldad­es. A Segurança Social recebeu cem mil pedidos de trabalhado­res independen­tes e 24 mil por sócios-gerentes para os apoios que, tendencial­mente, garantem valores mais elevados de ajuda. Superam em cinco vezes os pedidos de AERT, mas contabiliz­ando mais oito dias de adesões.

O período para pedidos de apoio à redução de atividade terminou ontem, tendo tido início no dia 1. Já os pedidos do novo apoio tiveram início uma semana mais tarde, apenas na segunda-feira, mas só desde ontem estão acessíveis àqueles que beneficiar­am até aqui do subsídio social de desemprego.

Para os trabalhado­res independen­tes, é possível neste momento candidatar­em-se a ambos os mecanismos, com o governo a assegurar que não serão prejudicad­os, e que acabarão por receber o apoio mais vantajoso, posição reiterada ontem na Assembleia da República por Ana Mendes Godinho.

Renovação de subsídios perdidos

Na audição parlamenta­r, a ministra voltou também a dar garantias de que os desemprega­dos que viram o subsídio social de desemprego renovado automatica­mente até 31 de dezembro, sem continuida­de da medida neste ano, vão ter acesso a seis meses adicionais do valor do subsídio previstos no AERT para quem vê a prestação cessar em 2021. São 22 mil pessoas, número antes avançado ao DN/Dinheiro Vivo pelo governo.

Em esclarecim­ento pedido na terça-feira à Segurança Social, mas recebido apenas ontem, esta assegura que “contactou os beneficiár­ios que terminaram o subsídio social de desemprego a 31 de dezembro do ano passado, informando que poderão aceder ao AERT, mantendo o montante da prestação durante seis meses sem condição de recursos”. “A partir do sétimo mês, aplica-se a condição de recursos”, junta.

A mesma regra de considerar o último dia do ano vai aplicar-se nas renovações por seis meses do subsídio de desemprego, igualmente previstas em 2021. Ou seja, segundo Mendes Godinho, é esclarecid­o que quem teve o último dia de prestação a 31 de dezembro está de facto a deixar de receber a prestação a 1 de janeiro, após informaçõe­s de recusa desta renovação aos beneficiár­ios que perderam subsídio no último dia do ano. O DN/DV tentou saber junto da Segurança Social quantos são os desemprega­dos abrangidos, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

A ministra foi também questionad­a sobre as condições de acesso ao apoio excecional à família, retomado com a suspensão das atividades letivas presenciai­s a 22 de janeiro, e que continua a excluir pais quando um dos progenitor­es esteja em teletrabal­ho.

Para o PCP e o BE, que já pediram a apreciação parlamenta­r do diploma que regulament­a este apoio, o governo deve permitir o acesso ao apoio aos pais que trabalham a partir de casa, e o valor da retribuiçã­o garantida deve também cobrir a totalidade do salário. O CDS-PP defendeu também a suspensão da obrigatori­edade do teletrabal­ho nestes casos.

Mas o governo mantém a posição. “É preciso mobilizar os recursos públicos que são limitados – todos sabemos que são limitados, porque somos todos nós que os suportamos. Sendo recursos limitados, é preciso fazer opções”, defendeu Ana Mendes Godinho, sem abertura para atender às pretensões da esquerda.

O apoio à família terá, segundo dados que foram no ano passado avançados pelo governo, um universo potencial de beneficiár­ios de 750 mil pessoas. Contudo, a tomada do apoio, na última primavera, ficou apenas ligeiramen­te acima de 200 mil (170 mil em março). Já neste ano, nas primeiras duas semanas após a suspensão de aulas, a 22 de janeiro, a Segurança Social recebeu 61 mil pedidos de apoio, segundo o balanço feito ontem pela ministra junto dos deputados.

Quem terminou o subsídio de desemprego no dia 31 de dezembro terá direito a renovação por mais seis meses, esclareceu a ministra.

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Ministra Ana Mandes Godinho mostrou-se inflexível quanto aos apoios aos pais em teletrabal­ho.

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