Nuno Piteira Lopes
Economia não aguentará a rutura do canal Horeca
Mesmo com o número de novos infetados a descer, o número de novas vítimas da covid-19 não para de aumentar. Se no que toca a saúde, acredito, que vamos dentro de meses, com a ajuda das vacinas, atingir a imunidade de grupo, no capítulo económico a recuperação poderá ser muito mais demorada e, para alguns, demasiado tardia.
Os números avançados pela Associação Nacional de Restaurantes, que dizem que duas em cada três empresas de restauração estão sem capacidade de pagar salários, são reveladores do desespero que milhares de empresários estão a passar. Este é um sentimento que torna o setor irrespirável e que agudiza, todos dias, com as notícias que adiam o seu regresso ao “normal”.
Em causa não estão “apenas” os milhares de postos de trabalho de quem faz a sua vida na restauração. São muito mais que esses. Com a diminuição do canal HORECA, os fornecedores e produtores serão também vítimas de uma quebra considerável. Vamos, por isso, ter todo circuito de negócio, o que liga o produtor até ao consumidor, a ser atingido por esta avalanche de dificuldades e desespero. Comerciais, administrativos, contabilistas e outros prestadores de serviços, serão, também eles, fortemente afetados.
Não tenho dúvidas que a nossa economia cairá proporcionalmente à queda deste setor. É, por isso, importante preparar um plano, que funcione de forma simples (com apenas uma candidatura), que seja de salvação de uma das maiores alavancas da economia nacional.
A tão esperada bazuca europeia, que deverá chegar nos próximos meses, terá, forçosamente, de contemplar estes empresários. No entanto, é agora que é preciso salvar negócios e trabalhadores. É tempo de evitar a destruição de um setor que sustenta diretamente 292.000 famílias e que, desde o início da pandemia, perdeu 28.700 postos de trabalho. Quanto mais tempo o Estado demorar, maior será o prejuízo na economia e na vida de milhares de portugueses. Se ficarmos apenas à espera, poderá ser tarde demais.