Diário de Notícias

Defesa invoca queda mas arguidos confirmam agressões a Giovani

JULGAMENTO Advogado promete relatório de perito da ONU. Mas dois acusados assumiram ontem que vítima mortal e amigos foram agredidos com cintos e um pau.

- TEXTO GLÓRIA LOPES justica@jn.pt

Começaram a ser julgados os sete arguidos acusados do homicídio do jovem Luís Giovani Rodrigues, estudante cabo-verdiano de 21 anos que morreu no hospital, na sequência de uma contenda, na madrugada de 21 de dezembro de 2019, em Bragança.

A defesa mostrou que a sua estratégia passa por suscitar dúvidas, ao coletivo de juízes presidido por Filipe Delgado, sobre a causa da morte apontada pela acusação, fazendo prova de que o traumatism­o que ditou o óbito não se deveu a agressões, mas à queda que, como relataram algumas pessoas no inquérito, a vítima deu numas escadas.

Em defesa desta tese, foi citado o relatório da autópsia na parte em que refere que a morte do aluno do Politécnic­o de Bragança se deveu a traumatism­o craniano que resultou de um choque violento com algo contundent­e. Os advogados sustentara­m que o relatório é inconclusi­vo sobre a causa do traumatism­o, não revelando se foram as agressões ou a alegada queda.

Ricardo Vara Cavaleiro, advogado de um dos arguidos, que ontem prestaram declaraçõe­s em Tribunal, prometeu apresentar um parecer médico-legal de Duarte Nuno Vieira, perito da ONU e ex-presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, que “aponta precisamen­te no sentido de que a causa mais provável da morte ficar-se-á a dever à queda nas escadas e não a qualquer outra circunstân­cia”.

Vítima agredida com pau

Os arguidos, de Bragança, estão acusados da coautoria de homicídio, com dolo eventual, e de três crimes de ofensas à integridad­e física cujas vítimas foram os três cabo-verdianos que acompanhav­am Luís Giovani.

Na primeira sessão, foram ouvidos dois acusados durante várias horas. Ambos admitiram ter estado envolvidos na escaramuça, naquela madrugada, à saída de um bar, e que os quatro jovens cabo-verdianos foram agredidos com cintos e com um pau. Mas nenhum daqueles dois assumiu ter agredido a vítima mortal.

Bruno Fará indicou que tinha ido a casa buscar o pau, que usou para bater nas costas deValdo, amigo de Giovani. Também disse que o pau se partiu em duas partes, depois apanhadas por outros arguidos.

Já o arguido Jorge Liberato alegou que não agrediu ninguém, embora tivesse consigo uma soqueira, que terá acabado nas mãos de outra pessoa. Também disse ter visto os demais arguidos usarem cintos para baterem nos africanos, nomeadamen­te em Giovani, que viu ser agredido, ainda, com o pau. Não se lembra se na cabeça ou no ombro, disse.

Paulo Abreu, advogado dos pais de Giovani, assistente­s no processo, considera que em vários momentos o processo confirma que a causa da morte se deve às agressões. “Na nossa interpreta­ção, a autopsia não é inconclusi­va”, frisou. A família pede uma indemnizaç­ão, cujo valor Paulo Abreu não quis revelar, mas chegará a 300 mil euros.

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Os sete arguidos acusados de homicídio e ofensas corporais estão todos presos preventiva­mente.
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Luís Giovani Rodrigues.

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