Teresa de Albuquerque e Simão Botelho protagonizam, em a mais trágica história de amor da literatura portuguesa. Para a contar, Camilo Castelo Branco inspirou-se tanto na história da sua família como nas muitas peripécias da sua vida amorosa.
Amor de Perdição,
Encarcerado por “delito de amor” na Cadeia da Relação do Porto, Camilo Castelo Branco decide-se a contar a história, bem ao gosto romântico, de seu tio paterno, Simão Botelho, a quem a afeição, tão absoluta como funesta por uma jovem de família rival, valera um trágico destino. Chama-lhe Amor de Perdição – Memórias duma Família e, talvez movido pela catarse das suas próprias penas, termina-o em apenas 15 dias. Mas a rapidez do processo não diminuiu a qualidade da obra, por muitos tida como a mais importante do seu autor. Aquele de quem Agustina Bessa-Luís, uma das suas confessas cultoras (que lhe dedicou, entre outros textos, o conjunto de estudos, Camilo – Génio e Figura e o romance Fanny Owen) disse: “Quando o coração me falha neste dialeto de escrever livros, volto-me para Camilo, que é sempre rei mesmo em terra de ciclopes.”
O enredo é conhecido, até porque o romance já foi pelo menos quatro vezes adaptado ao cinema (por Georges Pallu, 1921; António Lopes Ribeiro, 1943; Manoel de Oliveira, 1979; e Mário Barroso, 2008): Simão Botelho, 17 anos que parecem 20, frequenta a Universidade de Coimbra mas, para desgosto da família, precede-o uma fama de rebeldia que o devolverá a casa sem sucesso escolar.
Mas, de súbito, o rapaz acalmaria. Porquê? Camilo explica: “Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única, explicando o que parecia absurda reforma aos 17 anos. Amava Simão uma sua vizinha, menina de 15 anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem nascida. Da janela do seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos.”
Neste enlevo, não sabiam ainda Simão e Teresa de Albuquerque – assim se chamava a menina – que os