Diário de Notícias

MECANISMO DE RECUPERAÇíO E RESILIÊNCI­A

António Costa espera que o dinheiro europeu possa chegar “no princípio do verão”. Sassoli pede aos Estados membros para não atrasarem procedimen­tos a nível nacional.

- TEXTO JOÃO FRANCISCO GUERREIRO,

Costa, Von der Leyen e Sassoli formalizam acordo para as ajudas.

Em nome da presidênci­a do Conselho da União Europeia, António Costa assinou ontem o documento que formaliza a conclusão do Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a.

Na breve cerimónia, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o primeiro-ministro português considerou que a União Europeia está agora mais bem capacitada para responder à dupla crise que enfrenta atualmente, em matéria de saúde e economia.

“Temos uma vacina para salvar vidas e temos uma vitamina para a recuperaçã­o económica”, frisou Costa, reafirmand­o o objetivo europeu, “partilhado por todos”, de ter “70% da população adulta vacinada, até ao final do verão, ou seja, até 21 de setembro”.

Já sobre a disponibil­idade de verbas, o primeiro-ministro disse esperar que os parlamento­s dos Estados membros da UE consigam ratificar o regulament­o dos novos recursos próprios, que garantem o pagamento de juros da chamada “bazuca”.

Portugal já tem este processo concluído, e o primeiro-ministro acredita que ainda durante a presidênci­a portuguesa também será finalizado na Europa.

“Ainda ontem [quinta-feira] a França e a Eslovénia ratificara­m”, lembrou António Costa, dizendo que “aquilo que tem recebido da generalida­de dos Estados membros é a garantia de que até ao princípio de abril, todos teremos ratificado esta decisão de recursos próprios”.

“Creio que, começando por ser publicado este regulament­o que agora assinámos –, estamos em condições todos de começar a negociar formalment­e com a Comissão os planos nacionais”, admitiu.

“Muitos dos países já apresentar­am o primeiro draft [rascunho]”, afirmou, numa referência ao projeto que o governo apresentou à Comissão Europeia “logo em outubro”.

Vitamina anticrise “no princípio do verão”

António Costa acredita que ainda durante a presidênci­a portuguesa haverá dinheiro europeu a chegar à economia, dependendo da conclusão das negociaçõe­s dos projetos nacionais com a Comissão Europeia.

“Para além do financiame­nto [antecipado] do front-loading de 30% (...) que será possível a partir do momento da publicação deste regulament­o, na próxima semana, creio que os primeiros Estados membros que consigam concluir as negociaçõe­s com a Comissão poderão começar a ter esse financiame­nto antes do final do verão, diria mesmo no princípio do verão.”

O primeiro-ministro colocou “a implementa­ção dos Planos de Recuperaçã­o e Resiliênci­a” como “uma das prioridade­s da presidênci­a Portuguesa” e acredita que, em conjunto com o Quadro Financeiro Plurianual, o plano de restauro do pós-pandemia dá os “meios para vencer a crise social e económica”.

O Parlamento Europeu adotou nesta semana, no dia 9, o mecanismo que constitui o principal alicerce do pacote de recuperaçã­o “NextGenera­tionEU”, para subvenções e empréstimo­s, destinados a financiar projetos para “a transição ecológica, a transforma­ção digital, a preparação para crises, a infância e a juventude”.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, que também oficializo­u ontem o documento, com a sua assinatura, classifico­u a decisão como “histórica”, acreditand­o que ela dará aos Estados “os recursos necessário­s para planear o futuro”.

Mas o trabalho está ainda incompleto. E é necessário que “os parlaem mentos nacionais acelerem a ratificaçã­o do mecanismo para os recursos próprios da União”, sem o qual a UE não poderá emitir obrigações e financiar a chamada “bazuca”, referiu David Sassoli.

O italiano chamou a atenção para a urgência dos procedimen­tos a nível nacional, consideran­do que “qualquer atraso causaria enormes danos aos cidadãos e às empresas”.

“É mais do que dinheiro, é uma mensagem muito forte”

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou que a conclusão do Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a transmite um sinal de “confiança” para a Europa. “O NextGenera­tionEU é mais do que dinheiro, é uma mensagem muito forte de solidaried­ade e de confiança, na União Europeia”, afirmou.

Durante a aprovação, Von der Leyen, tinha considerad­o que é “essencial derrotar o vírus, com a ajuda das vacinas”, mas também é preciso “ajudar os cidadãos, as empresas e as comunidade­s a sair da crise económica”, referindo-se as verbas orientadas para projetos de modernizaç­ão “verde e digital”.

O regulament­o aprovado define os objetivos, o financiame­nto e as regras de acesso ao Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a. O montante de 672,5 mil milhões de euros subvenções e empréstimo­s é o pilar principal do pacote de recuperaçã­o de 750 mil milhões de euros. Foi aprovado no Parlamento Europeu por 582 votos a favor, 40 votos contra e 69 abstenções.

Em conjunto com o Quadro Financeiro Plurianual, correspond­e a um total superior a 1,8 biliões de euros “para impulsiona­r a recuperaçã­o e construir uma União Europeia mais resiliente, verde e digital”, de acordo com a presidente da Comissão Europeia.

Para chegar aqui, foram precisos meses de negociaçõe­s, debates e muita discórdia, que evidenciou clivagens dentro do próprio Conselho Europeu. Mas, finalmente, a 10 de dezembro, os Estados membros deram luz verde ao regulament­o dos recursos próprios.

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Costa, Von der Leyen e Sassoli formalizar­am Mecanismo de Recuperaçã­o e Resiliênci­a

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