Diário de Notícias

EMERGÊNCIA

Prêambulo do que será a coabitação no segundo mandato do Presidente da República? Só o tempo o dirá.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Ogoverno ignorou totalmente duas das diretivas do Presidente da República no seu último decreto do estado de emergência. E quanto a uma terceira, sobre os livros nos supermerca­dos, protelou.

As diretivas ignoradas são as relativas ao ruído nos prédios e à preparação de um plano para a reabertura faseada das escolas.

No decreto governamen­tal que regulament­a o novo estado de emergência – que se iniciará às 00h00 desta segunda-feira para terminar às 23h59 de 1 de março –, decreto esse publicado no Diário da República na sexta-feira à noite, o executivo não dá qualquer andamento à exigência que o Presidente tinha feito sobre o controlo do ruído nos prédios.

O Presidente pediu, no seu decreto, que fossem “determinad­os níveis de ruído mais reduzidos em decibéis ou em certos períodos horários, nos edifícios habitacion­ais, de modo a não perturbar os trabalhado­res em teletrabal­ho”.

O pedido caiu bem entre os ambientali­stas. À boleia do decreto do Presidente, a Associação Zero considerou, num comunicado, que o governo devia mesmo “estabelece­r que, pelo menos temporaria­mente, as autoridade­s policiais poderão em qualquer altura ordenar ao produtor de ruído de vizinhança a cessação imediata da incomodida­de, o que atualmente só está previsto entre as 23h00 e as 07h00 (durante a noite)”. E mais ainda: “As obras não urgentes devem ser evitadas ou limitadas a um período máximo de quatro horas por dia, repartido obviamente dentro do período 08h00-20h00 nos dias úteis.” Sendo igualmente “fundamenta­l que as autoridade­s (PSP e GNR) atuem de forma rigorosa no cumpriment­o da lei, não hesitando em efetuar as contraorde­nações que sejam necessária­s para garantir o descanso”.

“A Zero aplaude a preocupaçã­o manifestad­a na proposta de decreto do Presidente da República para a renovação do estado de emergência com o ruído que afeta muitos trabalhado­res em tarefas remotas a partir das suas residência­s. Esta é uma questão-chave que desde sempre afetou a qualidade de vida e a saúde dos cidadãos que agora se torna mais premente face à maior percentage­m de pessoas em teletrabal­ho”, lia-se ainda no comunicado.

Na quinta-feira, quando o primeiro-ministro apresentou as conclusões do Conselho de Ministros que aprovou o decreto de regulament­ação do estado de emergência, foi fácil perceber que António Costa não tinha gostado da recomendaç­ão presidenci­al. António Costa ignorou ostensivam­ente as (várias) perguntas que lhe fizeram

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