Filipe Gonçalves encontrou nas redes sociais o soluto possível para minorar a tristeza de não sambar na Avenida Arriaga: desafiou os foliões a partilharem vídeos caseiros, a dançar, e a iniciativa tem sido um êxito.
Dez milhões que desapareceram
A organização do Carnaval é muito diversa por todo o país. Tão diversa como o rol de tradições que compõem estes dias de fevereiro. Mas por toda a parte os eventos tornaram-se parte importante das receitas do turismo, que num ápice desapareceram.
Rui Penetra, presidente do conselho de administração da empresa municipal Promotorres, que organiza o Carnaval de Torres Vedras, estima que o cancelamento do maior evento lúdico do concelho represente um prejuízo na ordem dos dez milhões de euros para a hotelaria e a restauração. Os dados são avaliados em baixa, assim como a estimativa do número de participantes na folia: “Anda na ordem de meio milhão de pessoas, de todo o país”, revela ao DN. E os últimos números já dizem respeito a um estudo que data de 2013-2015, feito pela Escola Superior de Turismo de Tecnologia do Mar, em Peniche.
Em Torres Vedras, ninguém fala de visitantes, “porque todos são foliões. Todos participam nos nossos bailes, nos corsos, na festa que é o nosso Carnaval”, sublinha Rui Penetra, enquanto pensa já no centenário da organização, que se celebra em 2023.
No último ano, o orçamento gizado pela empresa municipal rondou os 800 mil euros, tendo alcançado uma receita de 90 mil. “É claro que isso se vai refletir nas nossas contas”, sublinha o responsável da Promotorres, por estes dias empenhada na melhor versão possível deste Carnaval: online. Durante estes dias há uma programação alinhada com a Rede de Cidades do Carnaval da Região Centro: Estarreja, Ovar, Mealhada, Figueira da Foz e Torres Vedras.
“Em junho ainda equacionámos realizar o evento. Mas em setembro, já depois de reuniões com a DGS, decidimos não o fazer. E mesmo no que respeita à programação online, já em dezembro acabámos por reformular o que inicialmente pensámos. Cancelámos a maioria dos eventos. Não há clima para isso”, admite Rui Penetra, que ainda assim destaca o conjunto de iniciativas que pululam nas redes sociais do Carnaval de Torres Vedras.
Porém, é do monumento ao Carnaval que prefere falar. No centro da cidade, está montada uma homenagem aos profissionais da primeira linha de combate à pandemia. E ali ficará até 14 de março. “Para desincentivar as pessoas a virem para a rua ver, realizámos um vídeo ao pormenor, para que seja possível, em casa, em segurança – com o seu agregado familiar e não com mais família e amigos – desfrutar de cada detalhe, ver tudo ao pormenor”.