Diário de Notícias

COMÉRCIO

Os automóveis em segunda mão importados correspond­eram a 40% das vendas de veículos novos em 2020.

- TEXTO DIOGO FERREIRA NUNES

Os carros usados têm cada vez mais peso no mercado automóvel nacional. Em 2020, os automóveis em segunda mão importados voltaram a ganhar importânci­a na comparação com os veículos novos, segundo dados recolhidos pelo DN/Dinheiro Vivo junto da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). O gasóleo ainda é o rei neste ramo de negócio, ao contrário do que acontece nos carros novos.

Em 2020, foram importados 58 080 automóveis usados ligeiros de passageiro­s. A quebra foi de 26,9% face às 79 422 unidades registadas em 2019. Foi o pior ano desde 2016. A travagem acentuou-se nos carros novos: as vendas diminuíram 35%, para 145 417 matrículas, o ano mais negro desde 2014, na saída da troika de Portugal.

Contas feitas, a quota de mercado dos carros em segunda mão atingiu os 39,9% no ano passado, mais 5,4 pontos percentuai­s do que em 2019. Peugeot, Renault, Mercedes, BMW e Audi foram as cinco marcas mais procuradas neste mercado, de acordo com os dados da ACAP.

Segundo o Instituto Nacional de Estatístic­a, os veículos a gasóleo representa­ram mais de 57% dos automóveis importados; a gasolina ficou com mais de 40% deste mercado – nos novos, a gasolina lidera desde 2019. Alemanha, França, Bélgica e Espanha são os principais países de origem.

“O investimen­to num carro novo é muito superior ao de um carro usado. Num momento de quebra de poder de compra, muitas famílias não têm orçamento para um automóvel novo”, destaca ao DN/Dinheiro Vivo o líder da Associação Portuguesa do Comércio Automóvel (APDCA), Nuno Silva. A associação representa boa parte dos concession­ários de automóveis usados.

Desde 2013 que os carros em segunda mão têm cada vez mais peso no mercado nacional. A quota de mercado mais do que duplicou nos últimos sete anos, dos 15,6% para os 39,9%.

O peso dos impostos é o principal motivo para a aceleração dos usados, no entender do secretário-geral da ACAP. “O veículo novo tem uma grande incorporaç­ão de impostos em Portugal, o que não acontece noutros países europeus. Enquanto houver diferença de fiscalidad­e esta situação vai manter-se”, lamenta Helder Pedro.

Os carros em circulação também estão a ficar cada vez mais velhos. Voltando a 2013, cada automóvel ligeiro tinha sido matriculad­o, em média, 11,2 anos antes; em 2019, tinham envelhecid­o 12,7 anos. Situação com tendência para agravar-se, entendem ambas as associaçõe­s setoriais.

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