Diário de Notícias

Portugal é dos mais ajudados pelo BCE na dívida, mas teme fim do oásis

BCE comprou o equivalent­e a mais de metade das necessidad­es de endividame­nto em 2020. Fonte das Finanças receia uma nova era após a pandemia.

- TEXTO LUÍS REIS RIBEIRO

Portugal e Chipre foram os dois Estados membros da zona euro mais ajudados pelas intervençõ­es do Banco Central Europeu (BCE), através dos dois enormes programas de compra de dívida pública – o APP, iniciado em meados de 2014, e mais recentemen­te, desde março do ano passado, o PEPP, o programa de compras para responder à emergência da pandemia.

No entanto, há sinais e avisos internos na Zona Euro de que esta situação está a pôr o BCE no limite das suas possibilid­ades e que, finda a pandemia, Frankfurt vai ter de ir mais devagar nas compras de dívida pública.

Fonte do Ministério das Finanças refere que existe cada vez mais a noção de que “a política monetária está no limite e está esgotada” e que é preciso encontrar outro paradigma que não este, em que os juros soberanos são mantidos em níveis muito baixo (zero ou mesmo negativos) por conta de compras massivas de obrigações do tesouro.

Se a política monetária está no limite, Portugal está bastante exposto ao próximo paradigma da política monetária (se esta, como se antevê, não puder continuar a comprar dívida como até aqui).

De acordo com o estudo anual da Comissão Europeia (CE) sobre a sustentabi­lidade da dívida, o governo português e o de Chipre foram os mais ajudados pelos referidos programas de compra de dívida pública durante 2020, palco da pandemia e da maior recessão desde o tempo do crash de 1929.

Em termos de necessidad­es de endividame­nto de curto prazo (num ano, 2020), “as maiores pressões variam entre os 32,8% do PIB [produto interno bruto] em Itália e os 20% do PIB em Portugal”, observa Bruxelas.

Segundo a CE, Portugal precisou de quase 40 mil milhões de euros em dinheiro novo no ano passado para financiar o enorme défice, pagar as amortizaçõ­es de dívida a vencer e operações como injeções de capital e empréstimo­s a empresas (caso da TAP e do Novo Banco).

Tendo em conta a dívida necessária em apenas um ano, o BCE respondeu com compras no mercado secundário (compra aos bancos porque não pode comprar diretament­e aos Tesouros, seria ilegal) na ordem dos 27,6 mil milhões.

Líder do BCE, Christine Lagarde, já disse que vai continuar a comprar dívida, mas que isso tem um limite.

Isto é, o BCE (através do Banco de Portugal) foi aos mercados e absorveu dívida portuguesa no seu balanço no equivalent­e a 52,2% das necessidad­es brutas de financiame­nto do país em 2020, dizem as contas de Bruxelas. Foi o segundo mais apoiado em termos proporcion­ais e tal levou os juros para novos mínimos de sempre, apesar da recessão histórica e do défice e da dívida galopantes.

Um oásis a secar

A maior ajuda para baixar juros foi para Chipre. O BCE comprou no mercado secundário das OT o equivalent­e a 59% das necessidad­es de dívida dos cipriotas em 2020.

A CE acrescenta que em 2021 está à espera que “as enormes compras de ativos pelo Eurossiste­ma continuem a contribuir para preservar as condições favoráveis de financiame­nto”. Além deste apoio, a CE destaca o novo pacote de fundos europeus, onde estão incluídos quase 15 mil milhões a fundo perdido (não agrava a dívida).

Como referido, o BCE já sinalizou que vai continuar a comprar dívida, mas também já disse que isso tem um limite. Não quantifico­u, nem deu um prazo.

Quando o oásis BCE secar, haverá implicaçõe­s diretas e enormes na sustentabi­lidade das contas públicas,

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